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Aliados e centrais prometem resistir

Fonte: Valor Econômico

Surpreendidos com o mandado de prisão expedido menos de 24 horas após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de negar habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, petistas avaliam que o juiz Sergio Moro e os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) agiram assim em reação às noticias de novas tentativas de habeas corpus no STF.

Cristiane Agostine, Ricardo Mendonça e Vandson Lima

Um pedido de liminar entregue ontem no Supremo solicita suspensão de todas as execuções em segunda instância até que a corte analise as Ações Diretas de Constitucionalidade (ADCs) pendentes no Tribunal.

Em reuniões realizadas ao longo do dia, antes da confirmação do mandado de prisão, pelo menos três petistas alertaram Lula sobre a hipótese de Moro antecipar a prisão. Entre várias outras intervenções, essas avaliações foram descartadas por parecerem improváveis. Para os próximos dias, Lula e seus apoiadores preparavam uma sequência de atos e vigílias contra a prisão do ex-presidente.

No Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para onde se dirigiu após receber a notícia do mandado de prisão, Lula, advogados e apoiadores discutem cenários para as próximas horas. Avalia-se se o ex-presidente deve se apresentar voluntariamente em Curitiba amanhã ou se deve esperar ser buscado por forças policiais. Lula, segundo um interlocutor, ouve as sugestões de um lado e de outro e evita externar sua própria opinião, como é praxe em seu processo decisório.

Uma certeza, disse o interlocutor, é a de que não haverá enfrentamento ou ato que represente violência ou desrespeito à lei. Isso não impede o ex-presidente de repetir que entende sua prisão como política, sem provas e, portanto, juridicamente ilegal.

Advogados e apoiadores também estudam eventuais brechas jurídicas para entrar com novo pedido de habeas corpus. Uma hipótese seria denunciar o “açodamento” da ordem de prisão, uma vez que o próprio TRF-4 já havia divulgado um calendário que previa um prazo mais elástico para execução.

Movimentos sociais e sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além do próprio PT e outros partidos de esquerda, começaram ontem mesmo a resistência à prisão do ex-presidente. Um ato ontem à noite reuniu a militância na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e uma vigília foi convocada para a madrugada de hoje em frente à casa do ex-presidente em São Bernardo do Campo.

O líder do MTST e pré-candidato à Presidência pelo Psol, Guilherme Boulos, disse que haverá resistência dos movimentos populares. “Não assistiremos passivamente. Haverá resistência democrática”. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, convocou uma “vigília permanente” em São Bernardo. Centenas de pessoas da ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo, que estão acampadas em, São Bernardo do campo, foram ontem à noite para o sindicato, em marcha.

Pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela d’Ávila convocou seus seguidores em uma rede social a irem ao ABC paulista. “Seguimos juntos, Lula! O Brasil vale a luta! #LulaValeALuta Todos a São Bernardo do Campo”, disse a deputada, em sua conta no Twitter.

Para a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), a decisão de Moro é uma “prisão política, que reedita os tempos da ditadura”. Para a senadora, trata-se de uma “violência sem precedentes na nossa história democrática. Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso”.

Em nota, a CUT informa que as centrais dos Estados da Região Sul do país estão se organizando para fazer “uma grande recepção” a Lula em Curitiba. “Lula não estará sozinho e vamos mostrar para o mundo que nosso presidente é vítima dessa Justiça que não respeita a Constituição e manda prender um inocente”, afirma Freitas, em nota.

Também em nota, as demais centrais sindicais (Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB) manifestaram apoio e solidariedade ao ex-presidente e consideraram a decretação de sua prisão “uma medida radical que coloca a sociedade em alerta”.

(Colaboraram Aricia Martins e Estevão Taiar, de São Paulo)