Somando as informações dessas 14 cidades, observa-se que as prefeituras reduziram, em termos reais (correção inflacionária), 51,5%, a R$ 4,7 bilhões, os recursos destinados para a execução de obras e aquisição de novos equipamentos, na comparação com 2016, ano em que as mesmas administrações chegaram a investir R$ 9,7 bilhões.

Para o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Vladimir Fernandes Maciel, os aportes públicos podem até se recuperar e ter alta em algumas cidades este ano, no entanto, não devem ser expressivos dado o quadro fiscal ainda debilitado das prefeituras e o calendário eleitoral.

“Mesmo com a perspectiva de recuperação da arrecadação, as finanças das prefeituras estão muito comprometidas. Os investimentos não serão uma prioridade. Haverá, na verdade, uma priorização em pagar a folha dos servidores, os fornecedores”, considera Maciel.

Segundo ele, os prefeitos ainda estarão focados em honrar as suas dívidas, seja com outros governos, com organismos internacionais ou bancos nacionais. Nas administrações cuja folga é maior, Maciel acredita que o foco serão as obras “pequenas e emergenciais”, como o recapeamento de avenidas e iluminação, por exemplo.

“Ao mesmo tempo, há um limite para os investimentos via emendas parlamentares, que só podem ser feitos no primeiro semestre”, acrescenta o professor do Mackenzie.

RioUma das reduções mais forte no investimento ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, cujo estado passa por uma das mais graves crises financeiras e está sob intervenção federal na área de segurança pública, desde o dia 16. Em 2017, a Prefeitura do Rio cortou em 80,2% os recursos destinados para novas obras, a um nível de R$ 773 milhões. Em 2015, por exemplo, a cidade havia investido R$ 6 bilhões.

Na prefeitura de São Paulo, também houve redução nos aportes, de 35,8%, para uma soma de R$ 2 bilhões, enquanto em Fortaleza, a queda foi de 20%, a R$ 400 milhões.

Ainda sobre o Rio de Janeiro, o economista e professor do Ibmec-RJ Gilberto Braga afirma que a perspectiva para as receitas da cidade do Rio é, ao menos, mais positiva do que 2017. Ele avalia que, além da tendência de uma expansão maior da arrecadação de royalties do petróleo, a recuperação da renda das famílias abrirá espaço para a retomada da contratação de serviços, o que impulsiona a receita do Imposto sobre os Serviços (ISS).

Em 2017, a receita de ISS caiu 10% no Rio, a R$ 5 bilhões, ante o ano de 2016. No total das 19 cidades, a arrecadação ficou estável em R$ 27,5 bilhões. Somente em cinco capitais houve aumento nos investimentos essas são Belo Horizonte (+28,3, para R$ 535 milhões); Campo Grande (+82,5%, para R$ 134 milhões); Curitiba (+9%, para R$ 238 milhões); Natal (+12,7%, para R$ 100 milhões) e Palmas (+34,4%, R$ 87 milhões).

Houve ainda queda nos aportes em Aracaju (-73%, para 12 milhões); Belém (-27%, para 197 milhões); Goiania (-60%, para R$ 69 milhões), João Pessoa (-4%, a R$ 68 milhões); Maceió (-60%, a R$ 19 milhões); Manaus (-30,4%, a R$ 351 milhões); Porto Alegre (-21,8%, para R$ 247 milhões); Recife (-25%, a R$ 185 milhões); Salvador (-20%, para R$ 249 milhões); São Luis (-45%, para R$ 88 milhões) e Vitória (-13%, a R$ 54 milhões).