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Considerado ruim, acordo deve ser aceito por poupadores mais velhos

Fonte: O Estado de São Paulo

Termos definem que titulares de ações individuais precisariam aderir, agora, a uma ação coletiva para ter direito a entrar no acordo

Por Raquel Brandão

O casal Cíntia e Reinaldo Amato acompanha de perto cada novidade sobre o acordo dos planos econômicos. Além dos processos pessoais, eles são advogados de pessoas que entraram na Justiça por causa das perdas que os poupadores tiveram com os planos econômicos nos Planos Bresser, Verão, Collor I e Collor II nas décadas de 80 e 90.

Entre os clientes, há ações para receber de R$ 5 mil a até R$ 500 mil. “Recebo ligações cheias de dúvidas”, conta Cíntia. Segundo a advogada, o acordo divulgado nesta terça-feira, 12, não foi bem aceito pelos seus clientes, todos com ações individuais (os termos definem que eles precisariam aderir, agora, a uma ação coletiva para ter direito a entrar no acordo).

Pessoalmente, Cíntia e o marido também não vão aderir ao acordo intermediado pela Advocacia-Geral da União (AGU). Na Justiça desde 2006, Amato tenta ser indenizado pelas perdas dele e de sua mãe, que morreu em 1992. “A proposta é absurda. Esperamos 30 anos para ter o dinheiro, esperaremos 35”, diz Cíntia. O casal acredita ser melhor manter a ação individual.

Melhor do que nunca. Por outro lado, o comerciante Hani José Ibrahim, de 82 anos, deve acabar aceitando o acordo. O filho Alexandre Ibrahim conta que ele comemora o fato de finalmente haver uma resolução – seus processos já têm 10 anos de tramitação. “Eu falei que iam pagar”, diz o pai ao filho. Apesar de considerar a decisão difícil por causa das limitações impostas pelo acordo, Alexandre acredita que, como pai já tem idade avançada,  talvez seja melhor aderir. “Pelo lado financeiro pode ser ruim, mas pela carga emocional é melhor receber agora. A maioria das pessoas que têm direito é de mais idade. Então, pode ser melhor ter alguma coisa agora do que nunca ver o dinheiro.”

Em agosto de 2013, o comerciante entrou no avião com o filho e o advogado e foi a Brasília cobrar do Supremo Tribunal Federal (STF) o fim da suspensão das ações ligadas às perdas pelos planos econômicos. Em 2010, o STF acatou recursos dos bancos e interrompeu o andamento dos processos. “Nada mudou. Mas, para ele, foi simbólico. Foi como uma sessão de terapia”, diz o filho, Alexandre Ibrahim.