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Homenagem a Santo Dias, operário assassinado em 1979

Fonte: Portal Vermelho

 

Corpo de Santo Dias foi velado em 31 de novembro na igreja da Consolação e levado até a catedral da Sé, no centro de São Paulo. Cerimônia foi celebrada por dom Paulo Evaristo Arns

Com uma história de vida que se mistura à política, Santo Dias da Silva foi assassinado com um tiro na barriga na tarde de 30 de outubro de 1979, em frente à fábrica Sylvania, na zona sul de São Paulo, no momento em que agia para organizar os trabalhadores que estavam em greve. O tiro que o matou foi disparado pelo soldado Herculano Leonel, reconhecido por testemunhas; era membro da Rota, a tropa de choque da Polícia Militar.

O metalúrgico foi uma das maiores figuras da luta operária contra a ditadura militar e a opressão capitalista, no rumo em direção à democracia. Foi um retrato da mobilização popular e operária que produziu marcas definitivas na história política do Brasil.

Santo Dias se aproximou da Oposição Sindical Metalúgica (OSM-SP) em 1965 participou do início da Pastoral Operária (PO) nos anos 70. A partir da organização das Comissões de Fábrica pela OSM, Santo Dias foi candidato à vice-presidente, na chapa encabeçada por Anisio Batista para a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, em 1978. No ano seguinte, em 1979, a assembleia dos metalúrgicos decretou a greve e a repressão policial se intensificou. A PM invade os locais dos comandos de greve, prendendo 334 dirigentes e militantes operários. Mesmo assim, a greve aconteceu e quando Santo Dias e seus companheiros deixavam a porta da fábrica da Sylvania, foram abordados e o tiro que matou Santo Dias foi disparado.

Memória 

A atuação militante de Santo Dias, no entanto, não se restringiu ao movimento operário. Como membro ativo das recém-criadas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e dos movimentos de bairro, ele se engajou na luta por transportes, escolas e melhoria na qualidade de vida dos de trabalhadores. Participou ainda da coordenação do Movimento do Custo de Vida, entre 1973 e 1978, ao lado de sua mulher, Ana Maria do Carmo, liderança sindical e feminista.

“Ele é a memória do povo em luta na época da ditadura. É um militante que deu seu sangue e que mantém viva toda uma história de luta. Todos os que estão aqui hoje e todos os anos, já há 35 anos, relembram sua vida e confirmam que o que ele fez não foi em vão. Jamais vão conseguir tirar a luta e a esperança de um povo”, disse Ana Maria.

O nome de Santo Dias se imortalizou em ruas, parques, pontes e no Centro Santo Dias de Defesa dos Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo. Há também o Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, promovido pela Assembleia Legislativa de São Paulo. O local de sua morte é visitado anualmente, no dia em que foi morto, por militantes e sindicalistas.

Homenagem

A inauguração das placas é considerada instrumento fundamental de reparação às vítimas da ditadura e seus familiares, e atende à recomendação n.º 19 do relatório final da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo, publicado em dezembro de 2016, após dois anos e três meses de investigação sobre as violações praticadas por agentes do Estado entre 1964 e 1979.

O objetivo é que elas contribuam para dar ampla visibilidade às violações de direitos praticadas pelo regime militar, tarefa indispensável para a superação do arbítrio e na transição para a democracia.

À época, uma das homenagens organizadas pelos operários foi a gravação de um disco com canções e poesias que narram a luta camponesa e operária em São Paulo, bem como a vida e a morte de Santo Dias. Ouça, abaixo, a íntegra da gravação: