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Com desemprego em alta, cai o percentual de sindicalizados no país, aponta IBGE

Percentual de trabalhadores associados a sindicatos caiu de 13,6% em 2012 para 12,1% em 2016. Regiões Nordeste e Sul lideram o percentual de trabalhadores sindicalizados no país.

Por Daniel Silveira, G1 Rio

A onda de desemprego que atingiu o Brasil a partir de 2014 refletiu no percentual de trabalhadores sindicalizados em todas as regiões do país. É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a pesquisa, em 2012 havia 131,5 milhões de pessoas ocupadas ou que já haviam sido empregadas anteriormente. Destas, 13,6% estavam associadas a algum sindicato. Em 2016, quando saltou para 139,1 milhões de pessoas ocupadas ou não, este percentual de sindicalização caiu para 12,1%. No total, 1,3 milhão de pessoas deixaram de ser associadas a sindicatos desde 2014.

 

A divulgação destes dados acontece às vésperas da entrada em vigou da nova lei trabalhista no país. Com a reforma trabalhista, que entra em vigor em 11 de novembro, a contribuição sindical passará a ser opcional. Isso significa que os trabalhadores e as empresas não são mais obrigados a dar um dia de trabalho por ano para o sindicato que representa sua categoria.

Em 2016, a arrecadação do imposto gerou R$ 2,9 bilhões aos sindicatos brasileiros. Com a reforma, as entidades representativas dos trabalhadores temem que a sindicalização caia ainda mais, prejudicando a manutenção dos sindicatos.

ESPECIAL G1: Saiba o que muda na lei com a aprovação da reforma.

A analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, enfatizou que mesmo pessoas desempregadas, ou até mesmo aposentadas, podem se manter filiadas a algum sindicato. Porém, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostra que, no geral, 80% das sindicalizações são de trabalhadores empregados. Apenas 20% corresponde, portanto, a pessoas não ocupadas que mantêm vínculo sindical.

Esta queda na sindicalização ocorreu de forma generalizada em todo o país, segundo o IBGE. “Todas as regiões registraram movimento de redução na sindicalização, até porque nós acompanhamos que a população ocupada caiu em todas as grandes regiões do país”, destacou Adriana.

As atividades que em 2016 tinham o maior percentual de sindicalização eram, segundo o IBGE, a de educação, saúde humana e serviços sociais, com 18,5%, seguida pela indústria, com 15,2% de seus trabalhadores sindicalizados, agricultura e pecuária, com 15,1%, comércio, com 13,4%, e serviços prestados às empresas, com 12,8%.

Conforme analisou Adriana Beringuy, o maior percentual de sindicalizações no segmento de educação e saúde tem a ver, sobretudo, com o perfil dos professores, uma vez que é a categoria com maior mobilização no país, tanto no setor público quanto no privado. Já a indústria responde, historicamente, como sendo o setor produtivo com maior formalização no país.

A pesquisa mostrou, também, que diminuiu a diferença percentual entre homens e mulheres sindicalizados. Em 2012, o percentual de homens sindicalizados era de 15,3%, enquanto o de mulheres era de 11,9%. Em 2016, estes percentuais caíram, respectivamente, para 13,1% e 11,2%.

“Sempre se observou que a sindicalização era maior entre os homens que as mulheres, até porque eles respondem pela maior parte das vagas ocupadas no país. Então, abrindo o dado que essa aproximação [do percentual de sindicalizados] se deu mais pela queda na sindicalização entre os homens que pelo aumento da sindicalização das mulheres”, ponderou Adriana.

Associação a cooperativa de trabalho

Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, entre 2012 e 2016 aumentou de 24 milhões para 28 milhões o número de pessoas ocupadas como empregadores ou trabalhadores por conta própria no país, o que equivale a um crescimento de 11,3%. No entanto, o percentual destes trabalhadores associados a cooperativas de trabalho ou produção caiu, no mesmo período, de 6,4% para 5,9%

A pesquisa mostrou que essa queda na associação ocorreu em todas as grandes regiões do país. A Região Sul, no entanto, se manteve como a que mantém o maior percentual de cooperativados.

“O peso da cooperativa agrícola no Sul é muito grande, já que a região concentra pequenos produtores que precisam se unir para viabilizar o escoamento de suas produções”, avaliou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.

A pesquisadora destacou, ainda, que o Centro-Oeste do país é a região que historicamente mantém o menor percentual de cooperativados. Isso se deve ao perfil da atividade agrícola na região, comandada por grandes produtores.

De acordo com a pesquisa, 46,3% das cooperativas do país são ligadas à agricultura, 14,2% ao comércio, 11% às atividades de transporte e armazenagem, e 10,1% aos serviços prestados às empresas. As demais cooperativas são associadas a serviços diversos.