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Trabalhadores da Nissan avançam na tentativa de sindicalização

Trabalhadores exigem que a montadora respeite o direito dos trabalhadores de votar pela sindicalização sem medo de retaliação


 

Canton, Mississipi —Citando um padrão de abusos trabalhistas por parte da Nissan contra sua força de trabalho majoritariamente afro-americana, seus trabalhadores anunciaram sua intenção de votar pela sindicalização na fábrica localizada em Canton.

Com assessoria técnica e jurídica do UAW, os trabalhadores da Nissan entraram com um pedido de plebiscito no Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB), para votar pela sindicalização dos operários da fábrica da Nissan em Canton – uma de apenas três plantas, junto com duas no Tennessee, onde os trabalhadores não têm representação sindical.

“Os funcionários da Nissan querem salários justos para todos trabalhadores, melhores benefícios, e o fim das quotas de produção irrazoáveis e condições de trabalho precárias no Mississipi,” diz Nina Dumas, trabalhadora na fábrica da Nissan há cinco anos. “A empresa não respeita nossos direitos. É hora de termos um sindicato em Canton.”

Os trabalhadores da Nissan dizem precisar de um sindicato em Canton para iniciar a negociação coletiva – um direito garantido aos trabalhadores representados por sindicatos nos EUA. O NLRB descreve a negociação coletiva como um esforço de negociação de salários, horas de trabalho, férias, seguros, práticas seguras e outros assuntos.

A Nissan começou a operar em Canton em 2003 e houve grande expectativa entre os trabalhadores da região central do estado do Mississippi. O estado entregou à Nissan mais de US$ 1,3 bilhões em incentivos, na esperança de que a empresa trouxesse empregos de tempo integral bem pagos para a região. Em lugar disso, a Nissan tem violado os direitos dos trabalhadores repetidas vezes.

A partir de novembro de 2015, o NLRB protocolou uma denúncia contra a Nissan e a Kelly Services, a agência de trabalhadores temporários utilizada pela empresa, por violar os direitos dos trabalhadores ao “restringir e coagir trabalhadores no exercício de seus direitos, e interferir com os mesmos.”

A denúncia do NLRB alega que a Nissan ameaçou fechar a fábrica de Canton caso os trabalhadores se sindicalizassem, o que constitui prática ilegal, além de ameaçar funcionários com demissão. As denúncias feitas junto ao NLRB são julgadas por juízes de direito administrativo do NLRB.

“Quando nos manifestamos para reivindicar proteções básicas, a Nissan nos ameaça e pratica assédio,” diz McRay Johnson, trabalhador na fábrica de Canton há cinco anos. “Os trabalhadores necessitam e merecem representação no local de trabalho.”

Além da denúncia do NLRB, a Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (OSHA) já fez várias intimações contra a Nissan por violações de leis federais de segurança e saúde. As mais recentes, de fevereiro de 2017, consideraram que a empresa “não fornece trabalho ou local de trabalho livre de riscos reconhecidos, que causam ou são propensos a causar morte ou graves danos físicos a seus funcionários.”

“Todos os dias nós literalmente arriscamos nossas vidas na Nissan,” afirma Rosiland Essex, trabalhadora da Nissan há 14 anos. “Nós merecemos melhor”.

A manobra dos trabalhadores da Nissan para formar um sindicato aconteceu quatro meses após a histórica “Marcha no Mississippi”, quando em torno de 5.000 trabalhadores e ativistas de direitos civis convergiram na fábrica de Canton para exigir que a empresa respeitasse os direitos dos trabalhadores.

Organizada pela Aliança pela Justiça na Nissan (MAFFAN) – uma coalizão de lideranças de direitos civis, pastores e defensores de trabalhadores –, a marcha contou com a presença de figuras como o SenadorBernie Sanders; o presidente do Sierra Club,Aaron Mair; o ex-presidenteda Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP), Cornell William Brooks; e o ator Danny Glover; entre outros.

A fábrica de Canton produz, entre outros modelos, o Altima, Frontier, Murano, e o Titan. A Nissan se orgulha dofato do Altima ser o carro mais vendido entre os consumidores afro-americanos dos EUA.

“A Nissan gasta centenas de milhões de dólares por ano fazendo seu marketing de montadora socialmente responsável, e até mesmo se vangloriando de seu apelo entre os compradores afro-americanos,” diz Rahmeel Nash, trabalhador na fábrica da Nissan em Canton há 14 anos. “Mas por trás dos bastidores, a empresa viola os direitos trabalhistas dos trabalhadores afro-americanos que fabricam estes mesmos carros.”

Os trabalhadores solicitaram que a votação seja nos dias 31 de julho e 1º de agosto, maso NLRB pode marcar uma data diferente.

Rafael Guerra
UAW-United Auto Workers
Sindicato dos Metalúrgicos dos Estados Unidos