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2023: O Primeiro Ano do Governo Lula 3, por Waldir Quadros

Foto: Ricardo Stuckert

O primeiro ano do terceiro mandato de Lula foi marcado por melhorias nas condições sociais, conforme os dados da PNAD Anual do IBGE. Os destaques incluem avanços no emprego, crescimento da renda dos trabalhadores e redução do desemprego. A renda média familiar per capita atingiu R$ 1.848, com um aumento de 11,5% em relação a 2022. O PIB também cresceu, e o Salário Mínimo teve um aumento real significativo. O programa Bolsa Família foi reajustado, alcançando 16,9% dos domicílios.

Apesar dos progressos, as carências acumuladas ao longo das décadas e agravadas desde 2015 mantêm o descontentamento social. Há uma necessidade urgente de reestruturar políticas sociais em áreas devastadas pelo teto de gastos, como Saúde, Educação, Segurança Pública, Transporte, Habitação, Segurança Alimentar e Saneamento. A modernização da máquina pública também é imperativa.

Para promover o desenvolvimento econômico, é necessário investir em infraestrutura e reindustrialização sustentável. No entanto, essas ações requerem expansão do gasto público, o que contraria os interesses dominantes na esfera financeira e no agronegócio, que defendem a contenção dos gastos públicos para destinar recursos aos juros da dívida, que totalizaram R$ 750 bilhões em 12 meses, equivalentes a 6,8% do PIB.

A análise da mobilidade social mostrou uma redução nas famílias classificadas como Miseráveis e Massa Trabalhadora (Pobres). A Baixa Classe Média se manteve estável, enquanto a Média Classe Média e a Alta Classe Média apresentaram crescimento. Os Miseráveis tiveram um aumento significativo na renda média familiar, e 19,5% dessa camada conseguiu melhorar sua condição social em 2023.

Os jovens de 20 a 24 anos distribuídos nas diferentes classes sociais refletem a distribuição geral da população. A Baixa Classe Média abriga a maior parte desses jovens. A escolaridade e as oportunidades ocupacionais mostram que o ensino superior ainda é um caminho valorizado para ascensão social, apesar das dificuldades enfrentadas. A maioria dos jovens ocupados entre 25 a 29 anos são homens e negros, com uma concentração significativa em ocupações de base na Baixa Classe Média.

Para enfrentar as enormes carências e desigualdades sociais, é crucial retomar o desenvolvimento econômico e social, libertando-se da dominação dos interesses financeiros. Os jovens têm um papel relevante na sociedade polarizada e violenta, podendo revitalizar o movimento estudantil e sindical, promovendo ações coletivas e valores democráticos.

Waldir Quadros
Professor aposentado do IE/UNICAMP onde é pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho – CESIT. Professor da FACAMP de 2013 a 2022. “Nossos agradecimentos ao colega Dr. Alexandre Gori Maia, Professor do IE/UNICAMP. Sem sua colaboração seria impossível realizar minhas pesquisas”.

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