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Alta dos juros vai inibir consumo e frear economia

Comitê do Banco Central decide na quarta a nova alta da taxa Selic

RODRIGO FERREIRA

Nesta quarta, o Banco Central (BC) deverá anunciar mais um aumento da taxa Selic, o terceiro do ano. O valor deverá subir entre 0,50% a 0,75%, segundo especialistas. Para o Governo federal, a medida é necessária para conter o avanço da inflação. Porém, para economistas ouvidos pelo DIÁRIO, o acréscimo acarretará em uma desaceleração da economia.
A Selic, que é a taxa de juros básica da economia, começou 2010 valendo 8,75%, ao ano, mesmo patamar praticado desde julho de 2009. Porém, em abril, o conselho do BC resolveu iniciar um movimento de alta — a primeira desde setembro de 2008. Atualmente, ela está em 10,25% e o Brasil ocupa o posto de nação com a maior taxa de juros real do mundo. E pode chegar a 11% ao ano, caso os conselheiros do BC decidam pelo aumento de 0,75%.
Para o economista Giuliano Contento de Oliveira, professor do departamento de economia da Unicamp, os juros mais altos vão desencadear um ciclo para inibir o consumo. A baixa da demanda diminui a remarcação de preços e consequentemente a inflação. “O Governo tem batido nessa tecla como forma de conter a alta dos preços. Mas ela não é a única. Controlar os gastos e reduzir despesas governamentais também surtiria efeito”, diz.
Oliveira afirma que a medida é válida, porém, na opinião do economista, com juros mais caros cai também a intenção de investimentos de empresários e, com isso, diminui a contratação de trabalhadores. “Com o aumento do desemprego, o ciclo de crescimento cai, o que é ruim para o país. Ou seja, se resolve um problema presente, mas se cria outro no futuro”, diz.
Para Miguel de Oliveira, conselheiro da Anefac, não seria necessário um novo aumento da Selic. “As outras elevações já surtiram o efeito necessário. Depois teremos que baixar novamente”.
Para o professor de finanças da FGV-EAESP, Fabio Gallo Garcia, a divulgação ontem do relatório Focus, que traz a estimativa do mercado para a inflação deste ano sendo reduzida de 5,45% para 5,42%, deverá fazer os conselheiros do BC optarem pela manutenção da taxa.