Notícias

Atividade para mulheres reúne 600 trabalhadoras

Fotos Iugo Koyama

Cerca de 600 mulheres metalúrgicas, costureiras, da alimentação e de brinquedos participaram na manhã desta quinta-feira de um evento voltado para mulheres trabalhadoras, no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no bairro da Liberdade.

O evento contou com duas palestras: “Planejamento familiar e impacto social”, ministrada pela médica ginecologista e obstetra Patrícia Comparini Ribeiro; e “Política e a importância do voto”, com Marcos Verlaine, analista político e assessor parlamentar do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).


“Estamos dando continuidade à política de desenvolver ações voltadas para a mulher trabalhadora, que tantas dificuldades enfrenta no dia a dia, que sofre discriminação no trabalho, na vida profissional e não tem muitas oportunidades de participar da vida sindical”, disse Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

Para Elza Costa Pereira, diretora financeira do Sindicato, foi um dia enriquecedor. “Precisamos debater o tempo todo. Peço a vocês que levem tudo o que ouviram hoje para o nosso bairro, nossas casas e fábricas”.


Informação

A médica Patrícia apresentou os métodos de contracepção, e as formas de utilização, como maneiras de se evitar uma gravidez indesejada ou precoce. “Antes de gerar um filho é preciso pensar em estrutura familiar. Sexo é bom, mas tem consequências, principalmente quando o filho não é esperado. É preciso pensar que este filho vai compor uma sociedade e precisa de cuidados”, explicou.


Para a médica, é importante que a mulher conheça o próprio corpo e viva uma sexualidade saudável, que tenha acesso a informação e possa desfrutar da vida sexual com maturidade e sem imposições. Ela deu como exemplo o fato de muitas mulheres serem induzidas a ligar as trompas para não engravidar. “Muitos homens não gostam de usar camisinha e jogam essa responsabilidade para a mulher”, disse.
Para a médica, planejamento familiar é uma questão de conscientização e também de política. “Planejamento familiar tem tudo a ver com política. Temos que fazer uma sociedade melhor e é bom que alguém nos alerte para usarmos tudo a nosso favor”.

Política
O analista Marcos Verlaine afirmou que grande parte dos problemas do nosso país tem relação com a falta de “tesão” pela política. “A não participação da mulher na política torna a política ruim. Sem participação não é possível mudar ou transformar uma sociedade. Não podemos ficar sempre reclamando do que está ruim. Nas próximas eleições vamos decidir quem são as pessoas que vão fazer as leis nos próximos quatro anos”, alertou.
As mulheres, segundo Verlaine, são eleitoras e estão representadas em todas as casas legislativas. “A não participação da mulher na política é produto de uma cultura que estabeleceu que a mulher não deve participar de política. Temos que ir lá e fazer por nós, organizadamente, nos sindicatos, nos partidos políticos. Não podemos exigir que os outros façam se nós não estamos fazendo”, disse.
Para Verlaine, o voto define que tipo de sociedade queremos para nossas famílias. “A prostituição, os baixos salários, as drogas, a falta de planejamento familiar têm relação com a omissão na política, com a falta de políticas públicas. As elites desestimulam o interesse pela política. Mas a participação da mulher pode dar outro perfil ao Congresso Nacional. A mudança não vem apenas porque a gente quer, ela precisa ser buscada, ela virá se a gente participar, cotidianamente, da vida do povo”, reforçou.


A diretora do Sindicato, Leninha, que ajudou na organização do evento, repudiou a cultura de que política não é para mulher. “Estamos aqui para provar o contrário, participar e lutar”, afirmou.

Organização

O evento foi organizado pelos sindicatos dos Metalúrgicos, das Costureiras, dos Trabalhadores na Indústria de Brinquedos e da Alimentação de São Paulo e contou com suas representantes: Maria Auxiliadora (brinquedos), Fabiane (alimentação). Participou também Lenice Antunes, secretária-executiva da Federação Democrática Internacional de Mulheres, entidade que nasceu na França para combater o fascismo. “As mulheres vão sair deste encontro mais fortalecidas para travar a sua luta”, disse Lenice.