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Atos podem agravar crise política no governo

Segundo cientistas políticos, manifestações dos dias 13 e 15 de março podem elevar tensão do governo Dilma Rousseff; economia em baixa pode deixar eleitor petista mais sensível a críticas

Fernando Barbosa

Os protestos dos dias 13 e 15 de março poderão afetar ainda mais o governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo cientistas políticos consultados pelo DCI, o governo deveria fazer um pacto com o Congresso Nacional para atravessar a crise política e econômica.

“Deveríamos estar discutindo um pacto pela governabilidade do País, que está em uma crise econômica extremamente complexa, considerando que os próximos anos serão de muita dificuldade”, diz o coordenador do laboratório de política e governo da Unesp, Milton Lahuerta.

Para o cientista político da Estácio de Sá, Eduardo Viveiros, o que separa os dois atos é o objetivo final de cada manifestação. “O primeiro [13 de março] é organizado pelas centrais [sindicais], contra o ajuste que o governo está fazendo, e o segundo [dia 15 de março] é um protesto organizado pela oposição, que pede a saída da presidente Dilma”, diz Viveiros.

A primeira manifestação foi organizada por centrais como CUT e UGT, além da União Nacional dos Estudantes (UNE), em reivindicação por direitos trabalhistas, reforma política e em “defesa da Petrobras”, o que significa, segundo o comunicado dos movimentos, punir os “funcionários de alto escalão envolvidos em atos de corrupção” e contra a privatização da estatal.

Já o segundo ato, que pede a destituição da presidente Dilma Rousseff, foi organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL). Em seu site, o MBL pede um governo para “unir o seu povo, e não criar divisões artificiais”, e ainda “uma imprensa sem regulações governamentais”, “liberação econômica”, “separação de poderes”, “eleições livres e idôneas” e “fim dos subsídios diretos e indiretos a ditaduras”.

Um dos líderes do movimento que pede o impedimento de Dilma Rousseff, o presidente do Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força (SP), diz que a única saída é política. “Lógico que as pessoas estão revoltadas com a política e com os políticos, mas não há outra maneira”, afirma Paulinho.

paulinho

Paulinho diz que não vai comparecer aos atos do dia 13 porque é para “defender Dilma”. “O dia 13 estão dizendo que é por direito trabalhistas, mas no fundo é para defender a Dilma. Eu não quero defendê-la e não vou”, critica.

A Força Sindical, central da qual Paulinho foi presidente, não participará de forma institucional de nenhuma das manifestações, mas não impediu seus membros de comparecer aos dois atos. “A Força e os Metalúrgicos de São Paulo como instituições não participam, mas quem como pessoa quiser, pode ir. Tem central que vai proibir de ir nos dois, mas nós achamos que ainda não é o momento”, diz o presidente da central, Miguel Torres. “A pressão do povo na rua quer dizer que a população não aguenta mais esses escândalos. A sociedade merece uma resposta”, diz Torres.

O presidente da UGT, Ricardo Patah, diz que a central “jamais vai participar institucionalmente” do ato do dia 15. “Nós valorizamos a governabilidade. Se algum membro quiser ir, que vá. Não há motivação lógica, tem motivação política dos derrotados. Mas a UGT é plural, nós temos dirigentes que participam de vários partidos”, pontua Patah.

O presidente do PSOL, Luiz Araújo, diz que a legenda não participará de nenhum dos movimentos. “Queremos um ato contra o ajuste fiscal, a retirada dos benefícios trabalhistas e a tentativa de privatização da Petrobras, mas esse é um ato do PT”, avalia, diz Araújo, sobre a manifestação da próxima sexta-feira. “Isso não vai trazer um programa diferente”, conclui Araújo.