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BCs lançam ofensiva para acalmar mercados


BC Europeu anuncia que vai comprar papéis da dívida de países fragilizados

Fed e outros quatro bancos recriam linha de emergência para ofertar dólares nos mercados, a exemplo do que ocorreu em 2008 e 2009

DA REDAÇÃO

Além do pacote de 750 bilhões (quase US$ 1 trilhão) anunciado pelas autoridades em Bruxelas, os principais bancos centrais do mundo decidiram reforçar as medidas emergenciais para tentar estancar a crise da dívida na Europa.

O BCE (Banco Central Europeu) recuou de sua posição de não comprar papéis da dívida de países excessivamente endividados e anunciou que irá fazê-lo, além de títulos de empresas (até o fechamento da edição, não havia detalhes de como isso seria feito).

Na prática, significa emprestar dinheiro diretamente a esses países, em troca de papéis que o mercado considera de alto risco, ou seja, com probabilidade de que não seja pago.

Na quinta-feira passada, foi justamente a recusa pública do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, de comprar esses papéis que ajudou a trazer mais tensão aos mercados, afetando países mais endividados como Portugal e Espanha.

Tal posição destoava da adotada pelo Federal Reserve (o BC dos Estados Unidos) no auge da crise financeira de 2008/ 09, quando ele ajudou a financiar bancos e empresas.

O mesmo Fed anunciou ontem à noite uma linha emergencial de crédito para evitar que a crise da dívida na Europa possa “congelar” o sistema financeiro, a exemplo do que ocorreu no fim de 2008 e no início de 2009 após a quebra do banco Lehman Brothers.

Além do Fed, os bancos centrais do Canadá, da Inglaterra, da Suíça e o próprio organismo da zona do euro (o BCE) vão disponibilizar dólares por meio de operações de “swap”. O BC do Japão estuda aderir.

Segundo o comunicado do BC dos EUA, a atual crise na Europa começa a restringir os recursos em dólar disponíveis no mercado local, daí a necessidade de elevar a liquidez.

Essa linha emergencial terá validade até janeiro de 2011. No caso do BC canadense, a linha de recursos chegará a US$ 30 bilhões. Não foram divulgados os montantes que serão ofertados pelas demais instituições.

Esse mecanismo, que permite aos bancos centrais emprestar recursos quando um deles precisa estabilizar o sistema financeiro, foi originalmente lançado em setembro de 2008. O BC brasileiro chegou a acertar acordo com o Fed no mês seguinte, mas não teve que fazer uso dos US$ 30 bilhões colocados à disposição.