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Campanha tenta unificação salarial

Um metalúrgico em Camaçari chega a receber um salário até 50% menor do que trabalhador que executa a mesma função em uma fábrica na região do ABC em São Paulo. Acabar com essa diferença é um dos pontos principais da campanha salarial da categoria em 2007. Para isso, pretende-se estabelecer um piso único em todo o País. Com data-base em 1° de novembro, os metalúrgicos entregam oficialmente a sua pauta de reivindicações à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no próximo dia 12. Neste ano também será dada uma atenção especial à negociação das Participações nos Lucros e Resultados (PLR), que, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNTM) da Força Sindical, Eleno Bezerra, tem sido uma questão de difícil avançar, principalmente nas empresas menores, com até 30 trabalhadores.

A pauta traz ainda reajuste salarial (reposição integral do INPC mais aumento real) de 12%, piso único de R$ 900 e o combate à terceirização irregular. A redução da jornada de trabalho, reconhecimento do delegado sindical também estarão em debate, mas são pontos que a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores já haviam anunciado que iriam incluir em todas as suas campanhas.

A proposta de acordo coletivo da categoria, que chega a atingir 1,8 milhão de trabalhadores em todo o País, leva em consideração a mudança do perfil desses profissionais e o seu contínuo processo de transformação: “No meio de tantas mudanças, como é o caso da descentralização da produção e das novas tecnologias, a gente vê claramente o crescimento e a urgência da necessidade de qualificação nos trabalhadores que operam nesse ramo”, diz Eleno.

Segundo o presidente da CNTM, hoje as montadoras não estão concentradas na região do ABC, em São Paulo, ou no Paraná, elas estão espalhadas por outros estados, norte, nordeste e centro-oeste, como, por exemplo, Camaçari na Bahia e a fábrica da Ford no Ceará. “Com isso, a mão-de-obra qualificada, que estava em escassez, piorou, porque quem tinha essa tradição e conhecimento no setor eram os trabalhadores no sul e no sudeste”, conta.

Além disso, Bezerra diz que é difícil acompanhar a introdução de tecnologia no setor, o que levou à perda de funções dentro da cadeia produtiva, “principalmente as mais remuneradas dentro da indústria”, diz. “O torneiro mecânico, por exemplo. O tradicional já não existe mais, agora é o torneiro mecanizado. A indústria que se modernizou tem agora a função de preparador de torno”, conta. “Mas, para preencher essa vaga, é preciso treinar o trabalhador”, conclui.

A entrega das reivindicações dos metalúrgicos às montadoras de veículos deverá ocorrer na próxima semana. O salário, em Camaçari, chega a ser até 50% menor do que o paulista.

Fonte: DCI – Patrícia Acioli