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Centrais fazem manifestação e reforçam pressão por mínimo de R$ 580

SÃO PAULO – As centrais sindicais – UGT, CTB, TGTB, Nova Central, Força Sindical e CUT – realizaram nesta terça-feira, em 20 Estados, uma manifestação em favor do salário mínimo de R$ 580. Na semana passada, o governo editou uma Medida Provisória (MP) que reajusta o mínimo de R$ 510 para R$ 545.

Paralelamente ao ato, os sindicalistas entregaram na Justiça Federal de cada um dos Estados uma ação pela correção da tabela do Imposto de Renda (IR) de acordo com a inflação de 2010, que foi de 6,47%. As centrais ainda reivindicam um aumento de 10% para os aposentados que ganham acima do mínimo.

Na capital paulista, a manifestação foi na avenida Paulista e reuniu cerca de 500 pessoas, conforme a Polícia Militar. Durante seu discurso, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, reclamou do tratamento dado até o momento às centrais pela presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a petista está rodeada ´burocratas interessados na montagem do governo´, o que não permite a abertura das negociações.

´Estamos incomodados com esse início de governo. Antes de assumir, o ex-presidente Lula se reuniu com as centrais duas vezes. Na época, disse que, se não pudesse atender às demandas, continuaria a conversar´, disse Paulinho, ressaltado que as centrais já solicitaram uma audiência com a presidente para tratar das reivindicações.

´Se Dilma ficar ouvindo seus burocratas, vai ter muito trabalho conosco´, acrescentou o deputado. Paulinho frisou que, se o governo não abrir negociações, o Congresso Nacional, que está em recesso até fevereiro, passará a ser alvo de pressões das centrais por um reajuste do mínimo para R$ 580.

O presidente da Força também afirmou que a não correção da tabela do Imposto de Renda vai gerar perdas de R$ 5,7 bilhões aos trabalhadores. ´Cuidado, Dilma. O FHC começou assim, não corrigiu a tabela. Foi o primeiro erro dele´, enfatizou. O melhor caminho, argumentou Paulinho, é o diálogo. ´Ninguém está botando a faca no pescoço, mas espero que esta seja a última manifestação.´

O presidente da CUT, Artur Henrique, disse que Dilma está cercada de economistas que querem implantar a ´agenda dos derrotados nas urnas´, com uma política de ajuste fiscal. A declaração é uma crítica indireta ao ex-governador José Serra (PSDB). ´O mínimo é um poderoso instrumento para Dilma cumprir a promessa de erradicar a pobreza até 2014. Para isso, tem que ter aumento real´, disse Artur Henrique.

Segundo ele, os únicos prejudicados com a crise financeira no Brasil foram os trabalhadores, já que os empresários conquistaram redução de impostos. O presidente da CGTB, Antonio Neto, destacou que a unidade das centrais nos últimos anos garantiu um aumento real de 54% do mínimo.

O modelo atual de cálculo de reajuste do salário mínimo garante a correção anual pela inflação e tem também como base o percentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao envio da proposta orçamentária ao Congresso, que nesse caso seria o de 2009. O modelo vale até 2023.

As centrais sindicais, no entanto, reivindicam uma correção diferenciada para 2011, pois, em 2009, por causa dos efeitos da crise financeira mundial, o crescimento do PIB foi praticamente nulo.

(Fernando Taquari | Valor)