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Centrais pressionam senadores por mínimo de R$ 560

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Representantes de centrais sindicais passaram a manhã desta quarta-feira pressionando senadores em busca de apoio para o valor de R$ 560 no salário mínimo. O Senado vota nesta tarde o projeto de lei do governo que fixou o mínimo em R$ 545.

Apesar de reconhecerem que o governo tem maioria folgada no Senado para aprovar o valor do Executivo, os sindicalistas querem abrir a negociação com os congressistas para discutir assuntos futuros –como a correção da tabela do Imposto de Renda.

“Estamos não só insistindo nos R$ 560 como outras alternativas para os trabalhadores esquecidas pelo governo. Ganhando ou perdendo, vamos insistir na luta”, disse o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

Os sindicalistas se reuniram com senadores da oposição e dissidentes da base aliada do governo no Senado –como Roberto Requião (PMDB-PR), que vai votar em favor do mínimo de R$ 560. “Nelson Rodrigues já dizia que toda unanimidade é burra. Sou da bancada do governo, mas vou agir de maneira crítica”, afirmou.

O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), admitiu que haverá 20% de dissidências na bancada composta por 19 senadores. Além de Requião, ameaçam votar contra o mínimo de R$ 545 os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

“O partido sempre colaborou com o governo com 80% de sua bancada”, minimizou Renan.

O PT espera que todos os senadores da bancada votem unidos no mínimo de R$ 545, entre eles Paulo Paim (PT-RS) –que na semana passada chegou a anunciar que apresentaria emenda para aumentar o valor para R$ 560.

Entre os aliados, também há a esperada dissidência da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS). O PDT, partido que registrou a maior dissidência contra os R$ 545 durante a votação na Câmara, unificou a bancada para que os seus quatro senadores apoiem o valor do governo federal.

TRANQUILIDADE

Entre os governistas, o clima é de tranquilidade para aprovar o mínimo de R$ 545. O governo vai manter o projeto aprovado pela Câmara na semana passada, sem mudanças no texto –mesmo com o polêmico artigo que prevê o reajuste do mínimo por decreto presidencial nos próximos quatro anos, excluindo o Congresso das discussões.

“Não vejo isso como ponto delicado. A Constituição diz que é necessária uma lei para o salário mínimo. O decreto é apenas uma execução da lei”, disse o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).

Os aliados da presidente Dilma Rousseff contabilizam entre 54 e 57 votos favoráveis ao salário mínimo de R$ 545. No total, 62 senadores integram a bancada governista na Casa. São necessário 41 votos (maioria simples dos senadores) para a aprovação do projeto.