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CPI: que a justiça seja feita

Miguel Torres (foto de arquivo, anterior à pandemia)

A semana que se inicia é de grande expectativa. O Brasil espera com ansiedade e muita sede de justiça o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) à CPI da Covid-19 no Senado.

Miguel Torres*

Já sabemos que o presidente da República deve ser indiciado por, pelo menos 11 crimes. Os filhos de Bolsonaro também e outros tantos, num total de 63 pessoas. Mas queremos mais. Queremos justiça efetiva e clara. Afinal, são mais de 600 mil mortes por Covid-19 e nessa esteira segue devastação econômica, social e sanitária sem precedentes.

O Brasil é conhecido pelo “jeitinho brasileiro”. Metáfora que exprime que por aqui, em tudo se dá algum jeito de modo que tudo fique como está. Em parte, isso é verdade. Mas esse “jeitinho” só funciona para os abonados, os donos da bufunfa. Para o povão não tem “jeitinho”.

O povo semprepaga o pato”!

Por essa razão, há grande expectativa em torno do relatório do senador Renan Calheiros. Por tudo que a CPI explicitou ao longo desses quase 7 meses de trabalho, o Brasil espera e está ansioso por justiça. O povo tem sede de justiça!

As instituições republicanas precisam provar ao povo brasileiro que funcionam e estão do lado daqueles que mais precisam e demandam o Estado brasileiro — o povo. A democracia depende dessa confiança. Sem isso, o povo descrença e deixa de participar da vida política do País.

E abre espaço para toda sorte de desmandos que comprometem a democracia e as instituições que a representam — o Congresso, a Justiça, o Poder Executivo e a imprensa.

Desagregação social
A pandemia vai passar e vai deixar imensa desagregação social. Milhares de órfãos Brasil afora. Milhares de famílias entregues à própria sorte, pois centenas de milhares que pereceram eram arrimo de família.

Muitos dos que sobreviveram à devastação do vírus precisam de caros cuidados médicos. Governo e uma maioria no Congresso querem fazer uma Reforma Administrativa que reduz o tamanho e o papel do Estado, o que vai, por óbvio, prejudicar a imensa maioria da população brasileira, que caso a reforma passe no Congresso, não terá condições de fazer esse tratamento, pois não tem recursos materiais e financeiros para fazê-lo se não for em hospitais públicos, que a “reforma” vai precarizar ainda mais.

Estamos esperançosos
Esperançamos, sinceramente, que a CPI aponte os responsáveis pela hecatombe que se abateu sobre o povo brasileiro, que não foi acudido a contento diante da devastação sanitária causada pela pandemia e agravada pela irresponsabilidade do governo, sob a liderança de Bolsonaro.

A CPI, por dados e fatos, provou as responsabilidades do chefe do Executivo diante da pandemia. As consequências disso não podem ser jogadas para debaixo do tapete, como se faz comumente no Brasil quando o demandante é o povo, sobretudo os mais pobres de nossa imensa população.

Ministério Público Federal, MP estaduais, procurador geral da República, STF, Congresso e imprensa têm de dar consequências adequadas à produção da CPI. O mundo acompanhou e se engajou nas verdades trazidas à tona pelas investigações conduzidas pela comissão, cujos trabalhos ora se encerram.

Cobrança permanente
Depois dessa catástrofe de proporções maiores que as 2 bombas atômicas que os EEUU jogaram sobre as 2 cidades japonesas de Hiroshima (140 mil mortos) e Nagasaki (75 mil mortos), em 1945, quando a 2ª Guerra caminhava para o fim, que ceifaram 215 mil vidas de civis.

A comparação é absolutamente plausível, pois exprime a proporção da devastação que a inação do governo, sob Bolsonaro, causou ao Brasil.

Por isso, e muito mais, queremos e vamos brigar por justiça. Que a Justiça seja feita. A Luta faz a Lei!

(*) Presidente da Força Sindical, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.

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