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Demissões em SP fecham vagas que exigem maior qualificação, aponta Seade

A dinâmica pouco expressiva do mercado de trabalho em São Paulo neste ano vai além dos números modestos. Levantamento divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) mostra que a geração de vagas no Estado tem se concentrado em ocupações que exigem baixa escolaridade e que a onda mais severa de demissões incide sobre o emprego de maior qualificação.

De acordo com os registros do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o estoque de emprego no Estado cresceu 0,5% no segundo trimestre sobre o primeiro e aumentou 0,7% no confronto com o mesmo período do ano passado.

Boa parte dessa alta, aponta o estudo, foi puxada por contratações na agricultura, setor que aumentou em 12,3% o número de funcionários em relação aos três primeiros meses do ano, e nos serviços, especialmente os de transporte e comunicação (2%).

A indústria de transformação, por outro lado, colocou 10 ocupações na lista das 20 que mais demitiram nesse período. O setor perdeu 23,1 mil vagas com carteira assinada em relação ao primeiro trimestre e 63,9 mil na comparação com o segundo trimestre de 2013, amargando retração de 0,8% e de 2,2% no estoque de trabalhadores, respectivamente.

O subsetor que apresentou pior resultado foi o de metal-mecânica – diretamente ligado ao ramo automotivo, que passa por situação difícil no Estado. Nesse segmento houve redução de 2,7% no volume de postos de trabalho sobre o primeiro trimestre.

Entre os tipos de ocupação com maior saldo positivo no período predominam aquelas com menor exigência de especialização e escolaridade. Influenciadas pelo avanço da cultura da laranja, as contratações de trabalhadores para o cultivo de árvores frutíferas responderam por 23,8 mil, do total de 60,5 mil postos criados no Estado de São Paulo entre abril e junho. Motorista de caminhão veio na segunda posição (9 mil), seguido por faxineiro (8,2 mil) e trabalhador da cultura de cana-de-açúcar (7,3 mil).

O emprego de soldador, por sua vez, ocupa o topo da lista das 20 ocupações que mais demitiram no intervalo, com fechamento líquido de 4,3 mil vagas no segundo trimestre. Outras nove funções ligadas à indústria fazem parte do ranking dos campeões de cortes, entre elas operador de máquinas-ferramenta, de empilhadeira e montador de estruturas metálicas.

Na lista constam ainda quatro funções da construção civil, que reduziu em 1,1% os quadros de funcionários – pedreiro (menos 1,3 mil), encanador (menos 1,2 mil), carpinteiro (menos 1 mil) e mestre de obras (menos 888).

“Foi o crescimento da agropecuária e dos serviços que segurou a geração de emprego no Estado no segundo trimestre”, afirma Alexandre Loloian, técnico da Seade. Para ele, esse cenário pode se repetir no segundo semestre, mas com um arranjo um pouco mais positivo, em especial por conta do desempenho da indústria. “As altas recentes na produção industrial podem não rebater de maneira forte no emprego, mas tendem a reduzir o saldo de demissões”, avalia.

Na região metropolitana de São Paulo, que representa 52,9% do emprego do Estado – que contabiliza, por sua vez, 31,4% do estoque de vagas formais do país -, a geração de emprego no segundo trimestre foi ligeiramente pior do que a média, com variação de 0,1% em relação ao primeiro trimestre.