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Derrota da MP 1.045 foi vitória relevante do sindicalismo

Nossa vitória contra a MP 1.045 no Senado e todas as mazelas e perversidades que a proposta aprovada pelos deputados traria para os trabalhadores não foi o êxito de uma batalha qualquer.

Miguel Torres

Nossa vitória, companheiros e companheiras, não foi por sorte. A vitória, maiúscula, coroou trabalho parlamentar que vem sendo construído com paciência e inteligência pelas centrais sindicais, sob as relevantes assessorias do Diap e do Dieese. Esse trabalho precisa continuar, se fortalecer e se consolidar no Congresso.

Para fazer frente e superar a profunda crise econômica que passa o Brasil, precisamos antes, superar a grave crise política que solapa o País e destrói as condições para superar as demais crises que puxaram o Brasil para o fundo do poço.

Para isso, precisamos centrar esforços na unidade de ações — das centrais aos sindicatos —, a fim de empreender vigoroso trabalho no Congresso e nas bases para não permitir que haja mais retrocesso, como o que a MP 1.045, aprovada na Câmara, queria impor aos trabalhadores.

São os empresários, com apoio da maioria neoliberal na Câmara, querendo impor aos trabalhadores, sempre mais perdas e sofrimentos.

Atuação no Senado

As centrais orientaram as regionais a falar com os senadores nas bases deles. Na Paraíba, por exemplo, os 3 senadores votaram contra a MP. Isso foi fruto do persistente trabalho que desenvolvemos no Senado.

As bancadas do Espírito Santo e Paraná também votaram em peso contra o governo e a favor dos trabalhadores. Merecem as nossas homenagens.

Nesta batalha avançamos, é fato. Mas cada caso é um caso. Cada votação é uma votação. De todo modo, temos que trabalhar muito, sempre, pois vencemos apenas uma batalha. Há várias outras em curso.

Esse êxito teve duplo significado. Ao mesmo tempo em que derrotamos a MP impusemos derrota também ao perverso governo de Bolsonaro/Guedes.

Para o êxito dessa luta vários senadores foram decisivos. Destaco Paulo Paim (PT-RS), Eduardo Braga (MDB-AM) e Oto Alencar (PSD-BA). O apoio de senadores do centro foi fundamental.

Diap e Dieese

Esse trabalho político-parlamentar-econômico das centrais sindicais conta com a assessoria de 2 institutos — Diap e Dieese. Sem estes órgãos de assessoramento não seria possível intervir com qualidade no processo legislativo, a fim de lutar pelas agendas do movimento sindical no Congresso.

De um lado, o Diap, que faz a análise das proposições em tramitação no Legislativo e nos subsidia para que sejamos certeiros no diagnóstico do processo. E também para atuar de forma a errar o mínimo possível e buscar êxito como o que tivemos na última quarta-feira (1º), quando derrotamos o governo ao mandar para o arquivo a perversa MP 1.045.

De outro, o Dieese, que nos subsidia com as análises econômicas tão imprescindíveis para entender, no plano da economia, os impactos das nefastas propostas do governo Bolsonaro/Guedes para os trabalhadores.

Precisamos voltar a financiar ambas as entidades, que são patrimônio do movimento sindical. Sem nosso apoio efetivo, ativo e financeiro, essas entidades continuarão a funcionar sob graves dificuldades de subsistência mínima.

É tarefa do movimento sindical soerguer ambas as entidades. Chega de discurso. É hora de voltar a contribuir com o Diap e o Dieese. A entidade que não for filiada tem obrigação de sê-la. O que falta para se compreender essa necessidade fundamental?

Não aos retrocessos

A vitória no Senado nos encheu de ânimo e força para dizer não aos retrocessos, ao ódio, ao autoritarismo, à violência, aos ataques aos direitos do povo e às instituições da democracia, como o Congresso, a Justiça, a imprensa e os sindicatos.

Aos trabalhadores só interessa a democracia, pois é neste regime político que poderemos nos mobilizar e lutar contra tudo aquilo que nos prejudica como classe social. Foi e é a democracia que nos permitiu ir ao Senado e dizer um rotundo “não” à “MP do Mal”.

Portanto, os trabalhadores, não devemos arredar nenhum milímetro em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito, pois só nesse ambiente político que poderemos manter nossa luta por vida melhor e contra retrocessos de quaisquer natureza. A Luta faz a Lei!

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.

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