Sem renda, maioria deixou de guardar grana na poupança e vai esperar para trocar de automóvel.

Larissa Quintino

O desemprego atrapalhou os sonhos futuros de metade da população brasileira, segundo pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas). O levantamento mostra que 52,5% dos trabalhadores deixaram de lado algum sonho de consumo.

Entre os planos que ficaram parados, estão deixar de fazer uma poupança, parar a reforma da casa ou desistir de comprar ou trocar de carro. “Uma das consequências do orçamento mais apertado é a desistência de um projeto. Não é uma realidade confortável, mas se a pessoa se planejar, pode representar apenas uma pausa momentânea e não o rompimento definitivo” , arma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawaut.

Para isso, a dica é colocar no papel todo o dinheiro guardado, a grana da rescisão e o Fundo de Garantia, além das contas a pagar.

Há sete meses fora do mercado de trabalho, o analista de vendas Leonardo de Paula Duarte Oliveira, 27 anos, precisou desistir de dois projetos: a poupança e a troca do carro. “Todo mês, guardava R$ 500 para usar na troca do carro. Iria dar o meu de entrada mais o dinheiro e tentar financiar o mínimo possível. Mas as coisas apertaram e não deu.” Ele arma que passou quatro dos cinco fins de semana de março sem sair com os amigos para tentar não gastar dinheiro. “É uma opção que a gente faz para tentar segurar as pontas enquanto não aparece nada”.

Ao todo, segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 13,1 milhões de pessoas estão desempregadas no país.