Notícias

Dilma diz que fará ajuste fiscal sem desemprego

Claudia Safatle e Cristiano Romero | De Brasília

Por duas horas, ontem, a presidente Dilma Rousseff falou sobre seus planos para o segundo mandato, em conversa com jornalistas. Disse que fará o “dever de casa”. Vai apertar o controle da inflação, cortar gastos e fazer uma varredura nas despesas públicas, que considera “desajustadas”. Evitou indicar quais serão os cortes, mas admitiu que o seguro desemprego – cujo crescimento é exuberante – tem “fraudes” e a pensão por morte é um dos gastos que podem ser afetados, com mudanças nas regras do benefício. Mas não se espere da presidente medidas que ela considere prejudiciais ao emprego e à renda.

“Nós vamos fazer uma política de controle da inflação que leve em conta o fato, também, de que nós não vamos desempregar nesse país. Ponha isso na cabeça”. Questionada se esta não seria uma consequência que independe da vontade do governo, Dilma rebateu de pronto: “Você é que acha!”

A presidente mostrou-se tranquila e bem humorada, mas confessou estar muito cansada. Não se preocupou em dar respostas às demandas do setor privado e do mercado por nomes de seu novo governo. Só anunciará quem será o ministro da Fazenda e os escolhidos para os demais postos da economia depois que retornar da reunião do G-20 nos dias 15 e 16, na Austrália. Sobre a especulação em torno da escolha de Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, ela explicou que ambos conversaram logo depois do segundo turno, quando ele telefonou para cumprimentá-la pela reeleição. Mas garantiu que não houve convite. Nem a ele, nem a ninguém. Por enquanto.

Confrontada com os péssimos indicadores de confiança da indústria e com a retração da taxa de investimentos, respondeu: “E como você me explica o nível do investimento direto estrangeiro [de US$ 64 bilhões em 12 meses até setembro]? Somos o quinto maior receptor de investimentos do mundo”.

Quanto ao temor de um viés “bolivarianista” de sua administração, Dilma reagiu: “Essa história de bolivarianismo está eivada de camadas de preconceito contra meu governo”. Ela confirmou que pretende colocar o tema da regulação da mídia sob consulta pública, mas negou que isso possa ser confundido com censura à imprensa.