DO RIO – Mais de um terço dos brasileiros com carteira assinada sente-se exposto a situações de risco à saúde ou de perigo de vida no ambiente de trabalho, mas não recebe o adicional de periculosidade ou insalubridade que a legislação trabalhista exige.
É o que revela o Sistema de Indicadores de Percep- ção Social sobre Direitos do Trabalhador e Qualificação Profissional, elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e divulgado ontem.
A pesquisa domiciliar, que ouviu 2.770 pessoas em cinco regiões do país e tem margem de erro de 1,86%, revela dados curiosos. Na percepção dos empregados, a rede de relações pessoais aparece como um dos principais itens na hora da contratação.
Ao responder sobre a principal exigência ao ser contratado para o emprego que ocupa, 21,3% dos entrevistados responderam referências pessoais, 23,1% disseram experiência na atividade e 25,8% afirmaram não ter sido feita exigência nenhuma.
Entre os assalariados formais, 37,2% disseram enfrentar situações de risco à saúde ou perigo de vida. Quase 57% desses afirmaram não receber compensação por isso.
Entre os assalariados sem carteira assinada, 18% enfrentam tais situações e mais de 86% desses ficam sem receber adicional.
“A expansão dos empregos com carteira assinada não significa que o trabalhador está mais protegido”, disse André Gambier, técnico de Pesquisa e Planejamento do Ipea.