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Ata do Copom prevê IPCA na meta em 2017

Documento diz respeito à última reunião do Copom, que ainda não contou com a participação do novo presidente, Ilan Goldfajn; para 2017, BC passou a projetar a inflação no centro da meta

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na quinta-feira pelo Banco Central repetiu que “adotará as medidas necessárias” para assegurar que a inflação se circunscreva aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016 (de 4,5%, com intervalo de tolerância de 2 pontos porcentuais para baixo ou para cima) e fazê-la convergir para a meta de 4,5%, em 2017 (com bandas de 1,5 p.p.). “Nesse contexto, (o Copom) ressalta que o cenário central não permite trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias”, destacou o documento.

Pela primeira vez, o BC informa que suas projeções, no cenário de referência, indicam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano que vem ficará exatamente no centro da meta de 4,5%. Isso ocorre em meio a especulações do mercado financeiro de que o novo presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, poderá optar por ajustar a meta do ano que vem. No fim deste mês, o CMN pode referendar ou mudar o objetivo do ano que vem e vai estipular a meta de 2018.

Vale lembrar que Goldfajn não participou desta última decisão do Copom e, portanto, também não escreveu a ata. Nessa última reunião, a Selic foi mantida, pela sétima vez seguida, em 14,25% ao ano, por decisão unânime.

Para que o IPCA atinja o centro da meta de 4,5% em 2017, como quer o BC, a taxa de juros deve permanecer em 14,25% ao ano, por enquanto, avalia o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. “Nesse quadro, não há espaço para flexibilização monetária”, disse. “Para 2016, não há muito o que fazer”, completou. Para esse ano, a ata escreve que a estimativa do BC para o IPCA aumentou em relação ao documento anterior e segue acima de 4,5%.

O BC não divulga qual a taxa prevista na ata, mas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março, a estimativa estava em 6,6% para o fim deste ano pelo cenário de referência. Uma nova edição desse documento está prevista para o fim deste mês.

Camargo Rosa afirma que esperava o início de redução da Selic em algum momento do segundo semestre, com a taxa de juros indo a 12,25% no fim deste ano. Contudo, disse que está reavaliando sua expectativa para a Selic. “Imaginar que os juros podem cair, teria de ter uma meta ajustada, que é o que está sendo discutido, e aceitar uma inflação maior que a meta (centro). Nesse cenário da ata, considerando o que realmente está escrito, é coerente manter a Selic em 14,25% ao ano”, reforçou.

Riscos fiscais. A ata do Copom voltou a dizer que, apesar dos avanços no combate à inflação, há incertezas associadas ao balanço de riscos, em especial em relação à área fiscal. Na edição anterior, a diretoria do BC citava a “recuperação dos resultados fiscais e sua composição”. Agora, fala que, “notadamente”, o “gradual” processo de recuperação dos resultados fiscais é importante.

O documento reiterou que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto e também que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial.

Nessa parte fiscal, o Copom alterou suas premissas, após a aprovação pelo Congresso Nacional de um déficit primário de até R$ 170,5 bilhões em 2016. Agora, o documento considera um resultado negativo de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, ante um déficit de 1,6% do PIB na ata anterior. O BC também alterou a perspectiva fiscal do próximo ano, de um superávit primário de 0,90% do PIB, para um déficit de 0,90% do PIB.

Atividade. Em relação à atividade econômica, a ata divulgada nesta quinta-feira repetiu a avaliação de que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária, ou seja, nos próximos dois anos. Repetindo exatamente o parágrafo 31 do documento passado – de número 33 no documento de hoje -, a diretoria do BC citou que, de um lado, o consumo das famílias tende a ser influenciado por fatores como emprego, renda e crédito. De outro, de acordo com o colegiado, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos.

Mais uma vez, houve a avaliação de que as exportações líquidas apresentam melhor resultado, seja pelo aumento das exportações, beneficiadas pela depreciação do real, seja pelo processo de substituição de importações em curso.