Jacqueline Farid
O mercado de trabalho industrial acentuou os sinais de recuperação em novembro. A ocupação aumentou 1,1% em relação a outubro, na maior expansão ante mês anterior desde janeiro de 2001, início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando confrontados com períodos iguais de 2008, os dados ainda são negativos, mas o economista da coordenação de indústria, André Macedo, ressalta que a intensidade da queda é cada vez menor.
“O mercado de trabalho prossegue em trajetória de recuperação, respondendo ao dinamismo da produção”, disse Macedo. Segundo o economista do IBGE, o recuo de 4,1% no emprego em novembro em relação ao mesmo mês de 2008 é o mais brando desde janeiro de 2009.
Há 12 meses estão sendo apurados resultados negativos consecutivos nessa base de comparação, levando a ocupação na indústria a acumular queda de 5,5% de janeiro a novembro de 2009.
Macedo diz que não há detalhamento setorial para os dados do emprego ante mês anterior, mas acredita que os setores que impulsionaram o aumento em novembro são veículos automotores, máquinas e equipamentos e eletroeletrônicos – atividades que lideram a reação na produção industrial. Segundo ele, esses segmentos ainda mostram queda na ocupação ante igual mês de ano anterior, já que a base de comparação de 2008 é muito alta, mas o ritmo é menor.
O número de ocupados no setor de meios de transporte (aviões, automóveis, motos) caiu 10,4% em novembro em relação a novembro de 2008, queda menos acentuada do que as apuradas em setembro (13,8%) e outubro (13%).
Outro exemplo de amortização na velocidade de queda citado por Macedo é o segmento de máquinas e equipamentos, cujo recuo em novembro de 2009 foi de 9% em relação a novembro de 2008, tendo chegado a 12,4% em julho do ano passado, quando foi apurado o pior resultado dessa atividade desde o início dos efeitos da crise sobre o mercado industrial.
Para o analista da Tendências Consultoria, Bernardo Wjuniski, “os dados do mercado de trabalho seguem trajetória positiva, já que o ajuste no emprego ocorre com certa defasagem em relação às oscilações da atividade”. Segundo ele, a queda de 0,2% na produção industrial em novembro ante mês anterior deve se traduzir em queda imediata do emprego no setor.
Macedo, do IBGE, considera que a queda de 0,8% na folha de pagamento real da indústria em novembro ante outubro não reverte uma trajetória de recuperação nos ganhos dos trabalhadores. Ele argumenta que a queda ocorreu após aumentos importantes, ante o mês anterior, apurados em outubro (0,6%) e setembro (1,7%), o que pode ser efeito da base de comparação elevada. em relação a novembro de 2008, a folha recuou 2,7%.