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Empresários e sindicalistas pedem desoneração da folha de pagamento

Valor OnLine

SÃO PAULO – Em um documento que será entregue ao governo federal, empresários e sindicalistas vão reivindicar a desoneração da folha de pagamentos e a aprovação do projeto de resolução 72 do Senado, que estabelece alíquota zero do ICMS nas operações interestaduais com produtos importados.

A iniciaitica entre empresários e sindicalistas tem como objetivo aumentar a competitividade do país, sobretudo da indústria nacional, diante de um cenário macroeconômico que favorece o aumento de produtos importados devido ao câmbio.

´Com a aprovação da resolução 72 do Senado, resolvemos boa parte da reforma tributária, já que não teria mais motivos para ter uma guerra fiscal entre os Estados´, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

Na área tributária, o documento prevê ainda a isenção do Imposto de Renda sobre Pessoa Física sobre a renda auferida pelos trabalhadores como Participação sobre Lucros e Resultados das centrais sindicais. De forma geral, as propostas exigem contrapartidas do setor público para o privado e têm como principal meta a criação de postos de trabalho.

O documento com propostas para ampliar a competitividade do setor foi elaborado pela entidade junto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e os dois maiores sindicatos do país- metalúrgicos de São Paulo e metalúrgicos do ABC.

Além de medidas na área tributária, o documento também reforça as críticas contra a política monetária exercida pelo Banco Central e o câmbio valorizado que estimula as importações em detrimento das exportações.

Skaf explicou que o aumento de juros gera custos ao governo federal e provoca a entrada de capital especulativo que, por sua vez, valoriza a moeda e contribui para ´a avalanche de importados no mercado nacional´.

Segundo ele, o capital que entra no país deve permanecer por um determinado tempo. Empresários e sindicalistas também estão de acordo em defender uma ampliação no Conselho Monetário Nacional (CMN).

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, fez coro às declarações de Skaf ao afirmar que por conta da desindustrialização ´estamos virando um país só de apertadores de parafuso´. Para Paulinho, as medidas de proteção comercial adotadas pelo Brasil ainda são tímidas.

Já o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, ressaltou que faltam incentivos para a inovação tecnológica, o que afeta de forma negativa na geração de empregos de qualidade. ´Os serviços e o comércio estão bem. A mesma coisa não acontece com a indústria´, disse.

Skaf mostrou números que mostram que a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 27,2% nos anos 1980, para 15,8% em 2010. Essa queda, argumentou o presidente da Fiesp, se refletiu na criação de empregos no setor no mesmo período, onde a participação recuou de 25,4% para 18,1%.

(Fernando Taquari | Valor)