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Empresas falham nas ações voltadas para mulheres


Rafael Sigollo, de São Paulo

A grande maioria dos homens e das mulheres concorda que a igualdade entre os sexos nas empresas traz benefícios tanto para os negócios como para o ambiente de trabalho. Uma pesquisa realizada no início deste ano pela consultoria global Bain & Company com 1.834 executivos seniores, entretanto, revelou que a alta administração de 75% das empresas não considera a paridade entre os sexos como uma prioridade. Além disso, 80% nem sequer alocam os recursos adequados para essa iniciativa.

“É um problema global. Apenas 3% das companhias listadas na ´Fortune 500´, por exemplo, têm CEOs mulheres”, afirma Marcial Rapela, sócio da Bain & Company. Para ele, a empresa que não se esforçar para resolver essa equação terá dificuldade em formar e reter bons profissionais. “É preciso desenvolver processos de promoção e planos de carreira menos rígidos para incentivar os talentos”, ressalta. De acordo com o estudo, a falta de políticas internas mais bem estruturadas é um dos maiores empecilhos para que a mulheres cheguem aos cargos de liderança.

Uma alternativa para aumentar a participação feminina na cúpula das organizações, segundo o consultor, é a adoção do programa de “mentoring” – uma profissional bem sucedida da empresa atua como mentora de outra que busca uma promoção. Rapela não descarta também o uso de métodos mais “agressivos” como atrelar a remuneração variável dos executivos a metas de promoção e desenvolvimento de mulheres e o estabelecimento de cotas de líderes femininas em cada setor de uma organização. “Homens e mulheres tem o mesmo desejo em atingir cargos de liderança e é essencial que as promoções ocorram de maneira equilibrada”, afirma.

Rapela alerta que como o assunto não é discutido abertamente nas corporações, a tendência é que o problema não se resolva no curto prazo. “Toda empresa precisa de diversidade e, se tudo continuar como está, os prejuízos podem ser grandes.”