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Entidades criticam decisão do Copom de manter Selic em 8,75%


A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a taxa Selic em 8,75% foi acompanhada de críticas por algumas entidades da economia nacional, que entendem que a autoridade monetária perdeu uma boa oportunidade para reduzir os juros.

A Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ) considerou a decisão tímida, sobretudo se for levado em conta o cenário confortável para a inflação neste ano e a retomada da economia abaixo das expectativas.

Orlando Diniz, presidente da Fecomercio-RJ, lembrou que o comportamento do emprego em dezembro, segundo os números do Ministério do Trabalho, surpreendeu de forma negativa e que a manutenção dos juros neste patamar pode retrair o consumo das famílias.

“Nessas circunstâncias, manter o custo do crédito elevado irá de encontro ao consumo das famílias, principal agente amortecedor dos efeitos da crise”, observou Diniz, ressaltando que os juros altos ainda limitam os investimentos das empresas e pesam sobre a questão fiscal, já agravada pela recente expansão dos gastos correntes.

A Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP) foi na mesma linha ao avaliar como conservadora a posição do BC, uma vez que a economia nacional mostra sinais claros de recuperação, mas ao mesmo tempo não há nenhum indício de excesso de demanda ou estrangulamento na capacidade de oferta.

“Acreditamos que o país precisa manter o compromisso com o desenvolvimento, emprego e geração de renda, com a redução dos gastos públicos e com taxas mais ousadas dos juros, tanto para a Selic quanto para o consumidor final”, destacou Abram Szajman, presidente da Fecomercio-SP.

Para a Força Sindical, a manutenção dos juros em 8,75% evidencia a “miopia” da equipe monetária e coloca em risco o desenvolvimento do país.

“É uma atitude nefasta para o setor produtivo e totalmente insensível para com os consumidores do mercado interno”, alegou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

O Sindicato das Financeiras do Estado do Rio de Janeiro (Secif-RJ), por sua vez, disse que seria demais esperar uma queda da Selic. “Não creio que, em momento algum, pelo menos em 2010, haverá qualquer gargalo que obrigue o BC a aumentar juros”, enfatiza José Arthur Assunção, presidente do Secif.

Segundo ele, dois fatores justificam, no mínimo, a estabilidade da taxa básica em 8,75%. “Temos uma expectativa de inflação dentro da meta para esse ano, devido principalmente aos preços administrados, que terão deflação. Além disso, os principais bancos centrais do mundo continuam trabalhando com taxas artificialmente muito baixas, o que não nos deixa margem para elevar juros aqui no Brasil”, explica.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) se mostrou aliviada com o fato de o Banco Central não ter elevado os juros. “O governo deve prover condições favoráveis para o crescimento econômico e a geração de emprego e renda. A manutenção da Selic nos atuais 8,75% ao ano, ou até menos, já que ainda há condições para reduzi-la, é uma das condições básicas para isso. Não razões para se pensar em um aumento do juros. Isto seria um grave retrocesso e uma ameaça ao futuro do Brasil”, concluiu Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

(Fernando Taquari | Valor)