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“Erin Brockovich” combate o setor no país

DA BBC/ICIJ, ESPECIAL PARA A FOLHA

Fernanda Giannasi brinca sobre a reputação que adquiriu no setor de amianto: “Não tenho nome. Sou chamada de “aquela mulher´”.
Fiscal do Ministério do Trabalho, Giannasi há um quarto de século vem tentando impedir que o setor opere. Ela diz que o amianto branco minerado em Goiás custou um número incontável de vidas e continuará a fazê-lo a menos que seu uso seja proibido.
Giannasi, 52, tem muitos admiradores na comunidade mundial da saúde pública.
Um médico local a define como “a Erin Brockovich brasileira”, alusão à ativista que trabalhava num escritório de advocacia dos EUA e denunciou um caso de poluição de água pela Pacific Gas & Electric, que inspirou um filme.
Mas as pessoas que ela de fato representa vivem em lugares como Osasco (Grande SP), que abrigou por 54 anos a mais notória fábrica brasileira de cimento feito de amianto. A fábrica, da Eternit, foi aberta em 1939 e vivia repleta de fibras de amianto, afirmam antigos operários.
Eliezer de Souza, 68, trabalhou lá de 1968 a 1981. “A poeira estava em toda parte”, diz. Os operários não tinham proteção até 1977, quando receberam máscaras de papel, afirma Souza, que em 2000 teve pequenos tumores removidos da pleura, membrana que recobre os pulmões.
Uma porta-voz da Eternit se recusou a comentar.
O objetivo final do trabalho de Giannasi, a proibição federal ao uso de amianto, parece inatingível. Ainda assim, “a situação seria muito pior se ela não estivesse trabalhando nisso”, diz Eduardo Algranti, diretor da Fundacentro, que assiste trabalhadores doentes. (JM)

TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI