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Expectativa de vida sobe 12,4 anos em três décadas, aponta IBGE

Por Elisa Soares | Valor

RIO  –  A expectativa de vida no Brasil cresceu 12,4 anos de 1980 a 2013. Ao longo de 33 anos, segundo Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil em 2013, divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida ao nascer no país aumentou por ano, em média, quatro meses e 13 dias.

O maior crescimento na expectativa de vida, no período, foi observado na população feminina. O incremento na expectativa de vida ao nascer nessa parcela populacional cresceu 12,9 anos de 1980 a 2013. Para homens, o aumento foi de 11,7 anos.

A diferença na expectativa de vida entre os homens e as mulheres também aumentou no período. Em 1980, a diferença de expectativa de vida para de homens e mulheres era de 6,1 anos a mais para mulheres. Em 2013, aumentou para 7,3 anos. Grande parte da diferença, segundo o gerente do projeto de Componentes da Dinâmica Demográfica do IBGE, Fernando Albuquerque, se dá em função da violência. 

A mortalidade na juventude apresentou declínio, mas concentrado na população feminina. A taxa de mortalidade desta parcela da população passou de 12 em mil mulheres em 1980, para 5 em mil em 2013; redução de 57%. Para homens, a redução foi apenas de 7,6% no período, de 23 por mil homens em 1980, para 21,5 mil homens em 2013.

O IBGE destacou que a probabilidade de morte na faixa de 18 anos de 1980 até 2013 praticamente não se alterou para adolescentes do sexo masculino. Em 1980, para cada mil jovens que atingiam 18 anos, dois não completariam 19. Ano passado foi observado o mesmo valor. Segundo Albuquerque, esta estabilidade pode estar ligada a idade da primeira habilitação.

“Em 33 anos não tivemos ganho expectativa de vida entre homens de 17 a 19 anos. As principais causas são a violência e os acidentes de trânsito. E a mudança nestas taxas dependem de políticas públicas que reduzam os acidentes e a violência. A implementação da Lei Seca pode ajudar, mas não dá para prever seu efeito”, explicou. 

Segundo ele, os ganhos na expectativa de vida na primeira infância, são sobrepostos por esta estabilidade na expectativa de vida entre os 17 e 19 anos.

Os maiores ganhos na expectativa de vida, de 1980 a 2013, se concentraram na população abaixo de um ano, e aquela acima de 70 anos. A taxa de mortalidade infantil em 1980 era de 69,1 em mil crianças nascidas. Hoje está em 15 para mil. A redução foi de 78%. Segundo o IBGE, em 2013 a deixaram de morrer 54 crianças menores de um ano para cada mil nascidas vivas.

A mortalidade até os cinco anos também caiu, de 84 a cada mil em 1980, para 17 por mil em 2013. Redução de 79%. Segundo Albuquerque, essa melhora na primeira idade se deve às melhores condições ambientais, aumento do saneamento, melhora na saúde pública. Ajudaram também a redução na fecundidade, o aumento da escolaridade das mães e o aumento de renda. “Foram fundamentais também todos os programas governamentais, de atenção ao pré-natal, saúde na família, e o bolsa família”, continuou.

Na faixa acima de 70 anos, em 1980 a cada mil pessoas que completassem 70 anos, 47,5 não completariam 71. Em 2013, passou para 25,2 em mil. Entre fatores que contribuíram para o aumento nesta faixa populacional, está a elaboração do estatuto do Idoso , os programas de vacinação, a valorização da saúde dos idosos, a distribuição de medicamentos para doenças prevalentes, o programa de Saúde da Família, maior acesso da população de mais idade ao emprego, redes criadas para atendimento a esta parcela da população, a aposentadoria rural, o aumento da renda, entre outros.

“Estamos cada vez mais postergando a velhice. Claro que o impacto na previdência não é bom, porque a população está envelhecendo, aumenta o fator previdenciário”, explicou Albuquerque.