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Fabricantes começam a demitir e perspectiva é de queda para o ano

Juliana Estigarríbia

São Paulo – A indústria de carrocerias continua sofrendo com a baixa do mercado automotivo. No primeiro semestre, as empresas do setor registraram queda de 7,78% das vendas em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir). Diante deste cenário, os grandes players já começaram a reduzir custos.

“Os fabricantes estão se readequando e já iniciaram o processo de corte de vagas. Certamente, o nosso parque industrial vai ter baixa”, afirmou ao DCI o presidente da Anfir, Alcides Braga. 

O executivo ressalta que os números de demissões ainda não foram compilados, mas garante que o cenário é de cautela. “O quadro atual é preocupante”, acrescenta Braga. 

A atividade de implementos rodoviários é intimamente ligada aos emplacamentos de caminhões. Desde o início do ano, a Anfir já previa uma queda de 5% para o ano, enquanto a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ainda apostava em crescimento para 2014. Porém, na última segunda-feira (07), a entidade revisou a projeção do setor, neste ano, para uma queda de 5,4%. 

“Os clientes estão muito receosos e não há motivação para o investimento”, destaca o presidente da Anfir. No primeiro semestre, o segmento pesado (reboques e semirreboques) registrou vendas 10,55% abaixo das apuradas no mesmo período de 2013, para 28,6 mil unidades. 

Já em leves (carroceria sobre chassi), a retração foi um pouco menor, de 6,06% na mesma base de comparação, para 48,2 mil unidades. A queda menos acentuada em leves pode ser explicada pela demanda mais aquecida nos setores de consumo. 

Financiamento do BNDES 

As regras para o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a compra de bens de capital (Finame) ainda não saíram, mas o governo já adiantou que haverá prorrogação das condições especiais, como por exemplo, juros “negativos” (abaixo da inflação). 

No entanto, para o presidente da Anfir, o cenário é desanimador. “O cliente está mais realista. As compras realizadas neste ano têm sido aquelas absolutamente necessárias, portanto, ampliar o crédito não deve impulsionar muito as vendas”, diz Braga. 

A Anfir mantém a projeção de queda de 10% para 2014. “Não enxergamos qualquer tipo de medida que possa impulsionar a renovação da frota”, diz.