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Falta de mão de obra faz salário subir


Com escassez de trabalhadores qualificados, empresas pagam até 20% acima da média nacional, revela pesquisa

Fenômeno afeta mais os setores que fizeram grandes investimentos, como os de mineração, extração de óleo e gás

CLAUDIA ROLLI

DE SÃO PAULO

A escassez de mão de obra qualificada já “inflaciona” os salários, principalmente nas empresas dos setores de mineração e petróleo.

Pesquisa feita com 175 mil profissionais que trabalham em áreas operacionais, gerenciais e no alto escalão de empresas de 20 ramos econômicos mostra que os setores de mineração, extração de óleo e gás pagam 20% acima da média nacional.

Em segundo lugar aparecem empatados os setores automobilístico, de autopeças, de fabricação de computadores e de eletricidade, pagando 13% acima da média.

“Com a crise, o setor industrial teve forte retração e engavetou projetos. Passado o susto, os investimentos que estão sendo anunciados superam os que vinham sendo feitos antes da crise. E isso tem forte impacto no mercado de trabalho”, diz Lucio Tezzotto, gerente de atendimento da Catho Online.

Só os planos de investimento da indústria e do setor de infraestrutura para o período de 2010 a 2013 somam R$ 859 bilhões, segundo levantamento do BNDES.

O principal destaque é o setor de petróleo e gás, que, devido ao pré-sal, pretende investir R$ 340 bilhões.

TENDÊNCIA DE ALTA

Com mais recursos sendo investidos e profissionais em número insuficiente para suprir as necessidades das empresas, a tendência é os salários continuarem em alta.

Marcelo Ferrari, diretor de negócios da consultoria Mercer, acredita que mesmo as empresas que investiram em formação e treinamento terão dificuldades para reter seus profissionais neste ano.

Ele diz que o país não formou, durante os anos 80 e 90, por exemplo, engenheiros de mineração -profissionais disputados hoje no mercado. “Sumiram do mercado de trabalho. E agora são necessários cinco anos para formar esses profissionais.”

Para compensar a escassez de mão de obra qualificada, empresas que faturam entre US$ 100 milhões e US$ 1 bilhão têm investido entre 0,2% e 0,5% do faturamento em qualificação.

Em 2009, a Petrobras investiu R$ 115,9 milhões em programas de desenvolvimento de funcionários de níveis técnico e superior, diz Lairton Correa, gerente de efetivo de RH da Petrobras.

“Sempre há disputa no mercado. Mas ter política de RH, com plano de cargos, salários e benefícios, ajuda a segurar o empregado.”

Na Petrobras, a taxa média de desligamento por ano é de 1,3%. O tempo médio na empresa é de 15 anos.

Fernanda Ramos, gerente de RH da Ford, diz que a empresa também tem investido em torno de R$ 3,2 milhões ao ano para preparar principalmente engenheiros de produção. No setor automobilístico, os salários pagos a esses profissionais estão entre R$ 4.000 e R$ 7.000.

“Temos feito convênios com universidades, principalmente na BA [onde está o centro de desenvolvimento de produtos], e desenvolvido cursos em parceria para suprir as necessidades locais.”