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Força Sindical na luta contra o trabalho infantil

Tiago Santana

Elza participa da mesa de debates sobre trabalho infantil

“A erradicação do trabalho infantil é uma bandeira de luta da Força Sindical desde a sua fundação.”

Foi com esta frase que Valclécia Trindade, 2ª secretária da Força Sindical, iniciou o debate “Contribuição da Força Sindical no Combate ao Trabalho Infantil”, realizado na sexta-feira (dia 10), no Ciclo de Debates organizado pela Força Sindical em comemoração aos seus 20 anos de existência.

Valclécia lembrou que ao longo desses 20 anos, três sindicatos filiados à Central desenvolvem projetos pioneiros no combate ao trabalho infantil. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, com o Centro de Atendimento Biopsicossocial Meu Guri, o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, com a Associação Eremim, e o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, com o Instituto Meu Futuro. Ressalta ainda que outras ações são desenvolvidas por entidades filiadas à Força Sindical: Instituto Social dos Químicos (de Guarulhos), Projeto Prevenir (Alimentação de Catanduva), Associaççao Bogum Ere (Força Sindical BA e construção pesada da Bahia). 

Lyvia Rodrigues, assessora de Assuntos Trabalho Infantil da CSA-CSI, disse que no Brasil, cerca de 2,5 milhões de crianças trabalham; destas, 37% trabalham na agricultura e 67% em outras atividades. Lyvia alertou sobre a importância de se realizar um intercâmbio entre as centrais sindicais para fortalecer a erradicação do trabalho infantil. “É necessário consolidar uma política sindical internacional e desenvolver campanhas e programas que fortaleçam a luta para combater o trabalho infantil”, disse. 

O professor e consultor da Federação dos Comerciários de São Paulo, Paulo José de Lara Dante, ressaltou que a Fecomerciários e a Força Sindical sempre estiveram juntas na luta pela erradicação do trabalho infantil.  Segundo ele, a educação é uma arma muito importante para erradicar de vez essa situação. O professor defendeu que as crianças de 5 a 15 anos devem estar em creches,  escolas e que elas devem ser prioridade dos municípios e Estados.

Ações concretas da Força Sindical
Alexandra Gomes, administradora do Instituto Meu Futuro, disse que a entidade foi criada em 2002, pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, José Pereira, com o intuito de suprir as necessidades de uma região muito carente da cidade de Guarulhos.

O instituto atende crianças e adolescentes de 7 a 16 anos com atividades culturais e esportivas, como pintura, artesanato, teatro, música e capoeira. Também oferece aulas de inglês, cursos de marcenaria, corte e costura e informática. “Nosso objetivo primordial é formar cidadãos”, disse Alexandra.  Ela ressalta ainda que é fundamental que as crianças estejam estudando para participar do projeto.

O Centro de Atendimento Biopsicossocial Meu Guri, é outro projeto, que atende crianças e adolescentes em situaçãod e risco, que deu certo. Presidido pela diretora financeira do Sindicato dos Metalúrgicos de SP, Elza Costa Pereira, atende hoje 110 crianças e adolescentes.

“Realizamos um importante trabalho há 14 anos que não envolve somente as crianças, mas também as famílias delas. E isso é muito gratificante para nós. Cada um de nós pode fazer a diferença, e nós, no Meu Guri, estamos fazendo”, ressaltou Elza.

No Meu Guri, as crianças têm oficina de música, onde já formaram um coral e uma orquestra de flauta; oficina de marcenaria, oficina itinerante de arte e restauração nos bairros, a Biblioteca Ler é Preciso, entre outros.

As educadoras planejam todas as atividades. “As crianças são incentivadas a desenvolver as suas habilidades e capacidades. Nós mostramos o caminho a elas, ajudamos a se desenvolverem como seres humanos”, explica Neusa de Oliveira Costa, coordenadora geral do Meu Guri.

Outro projeto importante desenvolvido no Meu Guri é o Projeto Laços, que desenvolve atividades direto nas comunidades, atendendo as famílias em situação de vulnerabilidade e risco social.

Outro projeto contra o trabalho infantil é realizado em parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco: a Associação Eremim. Renata Paredes, coordenadora pedagógica, conta que é necessário formar e educar as crianças de forma integral através de uma parceria entre escola, comunidade e a Associação.

O objetivo é oferecer a essas crianças de 7 a 15 teatro, fantoche, brinquedoteca, artes plásticas, um núcleo de dança, um núcleo de música e até mesmo um núcleo de hip hop para despertar nelas o gosto pela dança, música e desenvolver e ampliar a capacidade de expressão nos diversos elementos, ampliar o universo de linguagens disponíveis para a expressão do adolescente.

Existe ainda um grupo que contempla jovens de 15 a 21 anos, com o objetivo de qualificar social e profissionalmente, inserir no mercado de trabalho e gerar trabalho e renda.

Renata ressaltou ainda que todas as crianças e adolescentes que participam da Associação Eremim devem estar matriculadas e frequentando regularmente a rede pública de ensino em Osasco.

Gleides Sodré, secretária nacional de Políticas para a Criança e o Adolescente da Força Sindical, encerrou o debate lembrando que o Brasil é hoje o país que desenvolve as políticas mais vitoriosas no combate ao trabalho infantil. Lembrou também que o nosso país é apontado para sediar a 3ª Conferência Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. E que a Força Sindical tem um papel fundamental na criação de mecanismos para erradicar o trabalho infantil em nosso país.

“Nossa Central pode ajudar a desenvolver mais projetos como o Meu Guri, Meu Futuro e Eremim, que são modelos a serem seguidos para combater com firmeza este mal que aterroriza nossas crianças. Defendemos que lugar de criança é na escola. Não ao trabalho infantil”, completou a sindicalista.