O livro faz parte da série que documenta a atual história política e social por meio de charges críticas
O cartunista Gilmar Machado é pioneiro no país em registrar o atual governo
por meio de charges críticas direto da prancheta para série de livros documentais
O cartunista Gilmar Machado, conhecido como Cartunista das Cavernas, acaba de lançar via plataforma Catarse a edição mais recente de sua série de livros Brasil em Charges, o Brasil em Charges 2021.
Gilmar é pioneiro no país em registrar críticas, por meio de charges políticas e sociais, ao atual governo e transformá-las em uma documentação de livros, resultando em uma série que somarão quatro edições. Brasil em Charges é um resumo dos principais acontecimentos do ano dentro da temática proposta. O projeto visa a produção de um compilado maior dos quatro volumes em formato almanaque, para acompanhar essa história em charges. “Senti que seria muito importante documentar esse recorte da nossa história em charges. Com o passar do tempo é que entendemos o que aconteceu em determinado período por meio do estudo, registro e documentação. Meu objetivo principal é ter esse registro em formato de charges com essas publicações, materializados para além da internet”, explica Gilmar.
É com essa premissa que, de forma orgânica, o projeto se consolidou. O cartunista vinha fazendo suas charges como de costume, que sempre tiveram a temática política e social, mas até então com desenhos mais leves. Em 2018, durante a campanha do governo Bolsonaro, algo diferente surgiu, a polarização e os ataques na internet e redes sociais, formato de mídia recém adotado até então por Gilmar para expandir o seu trabalho. As reações e respostas imediatas, sejam de ataque ou adoração, mas principalmente o protesto da oposição em tentar proibir as publicações, foram o maior incentivo para continuar com as charges, se negando a abrir mão da liberdade de expressão. Ao longo do ano, teve a iniciativa de fazer um financiamento coletivo, pela plataforma Catarse, diferente das editoras tradicionais que sempre haviam lançado seus projetos até então.
“Experimentei e deu certo. Veio então a primeira edição de 2019, com um compilado do ano. E depois a segunda em 2020. Quando pensei na segunda edição, já tive a ideia de fazer a coleção da abordagem política nas charges, principalmente no governo Bolsonaro. Assim veio a necessidade de documentar a história por meio da charge. Sempre trabalhei minha carreira com fechamentos de ciclos. Por exemplo, fazia álbuns ou livros de determinada série de tirinhas para fechar o ciclo. Este, não sei se fecha, pois continuarei com as charges políticas, mas claro que do atual governo se fechará ano que vem, somando quatro livros”, diz Gilmar.
Para Gilmar, o material produzido na prancheta com o recorte político e social é fruto de uma transpiração emocional, uma inquietação e angustia, ao acompanhar o que acontece em nosso país, resultando assim neste trabalho importante para registro histórico do período. “A charge política no Brasil não tem espaço e valorização de um modo geral, acaba sendo vista apenas como uma piada. Eu acho que vai além disso, a charge tem um papel fundamental crítico e reflexivo, além, é claro, do valor artístico, literário, histórico e jornalístico”, explica o Cartunista.
