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Governo admite corrigir tabela do IR


LUCIELE VELLUTO

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admitiu ontem após reunião com as centrais sindicais que a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física poderá ser corrigido em 4,5%, como ocorreu nos anos anteriores.

Caso a medida seja realmente adotada, o governo federal manterá a política de correção conforme a meta da inflação, que é de 4,5%. Os sindicalistas querem que a tabela seja atualizada em 5,91% — taxa de inflação em 2010.

Na reunião de ontem, o governo e as centrais sindicais discutiram também o aumento do salário mínimo. As entidades reivindicam que o piso nacional passe para R$ 580, enquanto o Planalto mantém a posição de R$ 545.

Os outros temas abordados no encontro foram o reajuste das aposentadorias para quem ganha mais do que o mínimo — a proposta dos representantes dos trabalhadores é de 80% do índice de correção do piso nacional — e ainda a redução da contribuição ao INSS por parte das empresas.

Gilberto Carvalho ainda afirmou na saída da reunião que a tendência do governo é manter o acordo firmado com sindicalistas, em 2007, de reajuste do salário mínimo, o que o elevaria para R$ 545. Na época, a regra adotada foi usar a inflação do ano anterior mais o PIB de dois anos antes para corrigir o salário base nacional.

“Nós reafirmamos que a posição do governo e a tendência é manter esse acordo. É um governo de responsabilidade fiscal. Não vamos fazer demagogia”, declarou o ministro.

As centrais argumentam que a crise financeira internacional em 2009 trouxe perdas para os trabalhadores e também querem o apoio à classe. “O governo sabidamente abriu mão de impostos quando houve a crise. Também queremos que essa política seja mantida para os trabalhadores”, explicou Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Gilberto Carvalho relatou que tentou mostrar a importância de manter a regra estabelecida no acordo em 2007. Ele destacou que, embora o PIB de 2009 tenha sido ruim, estabelecendo um aumento do mínimo para R$ 545, no próximo ano, com um PIB maior em 2010, o salário mínimo pode ter um aumento de até 13%.

Sobre reajuste dos aposentados, o ministro lembrou que não houve perda para eles. Porém ele ressaltou que essa discussão tem que ser feita com calma. Quanto à desoneração da folha de pagamento, Gilberto Carvalho disse que é legítima a reivindicação.

Na avaliação dos líderes sindicais, apesar da posição dura mantida pelo Planalto, o encontro foi positivo. “O governo mostrou que criará uma agenda de discussão e chamará as centrais para conversar quando o assunto for importante para os trabalhadores”, declarou Miguel Torres, vice-presidente da Força Sindical.

(com Leonencio Nossa e Tânia Monteiro)