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Governo quer atrair empresários, e Mantega se reúne com setor

Ministro vai falar de esforços para conter a inflação e melhorar contas

Orientado pela presidente Dilma Rousseff a melhorar a interlocução com o setor produtivo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, convidou para um almoço, na quarta-feira, em Brasília, 21 empresários pesos pesados para discutir a conjuntura.

No grupo estão nomes como Marcelo Odebrecht (grupo Odebrecht), Benjamin Steinbruch (da CSN), Jorge Gerdau (Gerdau), Murilo Ferreira (Vale) e Pedro Passos (Natura). Juntos, os 21 executivos comandam empresas cuja receita bruta equivale a mais de 10% do Produto Interno Bruto. (PIB).

O encontro estava marcado para esta terça-feira em São Paulo, mas devido à demanda do empresariado foi alterado.

Segundo interlocutores de Mantega, ele quer ouvir o empresariado sobre a situação da economia e, também, falar dos esforços do governo para conter a inflação e melhorar a condução das contas públicas e o ambiente para investimentos.

Visita da S&P na quinta-feira

Também é possível que se trate da Medida Provisória (MP) 627, que mudou a tributação sobre lucros obtidos no exterior. Os empresários têm reclamado que a forma como a MP está redigida acaba prejudicando os negócios de multinacionais, pois o recolhimento do Imposto de Renda (IR) tem que ser feito num prazo mais curto do que o governo havia prometido.

Desde o fim de 2013, Mantega vem fazendo esforços para lidar com a imagem da política econômica e as críticas de que falta clareza e responsabilidade na política fiscal. Por isso, após anunciar corte de R$ 44 bilhões no orçamento federal e explicitar que a meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) será de 1,9% do PIB, fez uma teleconferência com analistas internacionais na semana retrasada.

Esta semana, além dos grandes empresários, ele vai se reunir amanhã com o setor de varejo. Nesta terça-feira, se encontrou com representantes da Anfavea, que representa as montadoras no país. Os empresários pediram o retorno do leasing como forma de ampliar as vendas do setor, que vem enfrentando crédito mais restrito.

O modelo ficou paralisado por questões tributárias e jurídicas. Mas, segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea, recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, que resolveu a questão do Imposto sobre Serviços (ISS), um entrave à modalidade, ele poderá voltar. O ISS do leasing deverá ser pago ao município sede da empresa que concedeu o financiamento.

Na quinta e sexta, o ministro receberá representantes da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), que estão no Brasil para decidir se a nota do Brasil deve ser mantida ou rebaixada. No ano passado, a S&P colocou em perspectiva negativa a classificação brasileira em função da deterioração das contas públicas, da inflação elevada e do baixo crescimento. Na semana que vem será a vez de conversar com grandes bancos.

O almoço desta terça-feira, no entanto, vai contar com uma presença incômoda. A Força Sindical promete fazer uma manifestação em frente ao prédio do Banco do Brasil na Avenida Paulista. Segundo o presidente da Força, Miguel Torres, o protesto será para defender a política de correção do salário mínimo e a correção da tabela do IR, que termina em 2014.