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Grande São Paulo tem 1,5 milhão de trabalhadores autônomos

Geração de emprego será um desafio para próximo governador de SP.
Reportagem mostra os problemas de três regiões do estado.

Um dos desafios para o futuro governador paulista é a geração de emprego. Apenas a região metropolitana de São Paulo tem 1,5 milhão de autônomos, que sobrevivem sem nenhuma proteção social.
Como o eletricista Edivaldo Simão, que tem uma banca que vende café da manhã na rua. “Estou desempregado. Não pode ficar em casa sem fazer nada senão… Tá ferrado?”, diz. O trabalho na rua começa cedo, das 5h às 10h.
Não são nem 8h e já são dois bolos de leite, bolo de cenoura já está pela metade. Por dia, são 17 ou 18 bolos vendidos pelo chefe de cozinha Jasiel Bispo dos Santos, que dá trabalho para mais gente. São quatro funcionários.
Na Grande São Paulo há 1,7 milhão de pessoas que trabalham sem carteira assinada e outro 1,4 milhão de desempregado. Uma das barreiras para quem busca um emprego é a falta de experiência profissional. E mesmo pra quem tem muitos anos na estrada, a coisa não é fácil.
“Você procura e, muitas vezes, por causa da idade [não encontra]. Eu estou com 50 anos de idade”, diz Rogério Benfica, que trabalhou dez anos como policial.
Na década de 1950, a indústria automobilística dava seus primeiros passos. Eram anos de otimismo. Sessenta anos separam duas gerações de metalúrgicos. José Morgado veio para São Bernardo do Campo, no ABC, em 1975.
Naquela época não se exigia muito estudo, porque era uma época que você tinha que ir mais na raça”, conta Morgardo.
Hoje, muita coisa mudou às margens da Via Anchieta. O filho de Morgado, José Morgado Júnior, cresceu vendo o pai trabalhar e sempre pensou em trabalhar no mesmo local que o pai. Mas os tempos mudaram e só a experiência hoje já não basta. É preciso se qualificar e o filho do metalúrgico teve que fazer tudo isso. Inclusive uma faculdade.
“Precisei me reciclar, estudei bastante, fiz vários cursos , entrei na empresa fazendo o Senai. Depois fui crescendo fazendo curso. Hoje sou analista de processo e sou obrigado a voltar pra uma faculdade”, diz José Morgado Júnior.
A qualificação mudou a cara das fábricas. Hoje, são comuns laboratórios de metalurgia. “A gente precisa de profissionais qualificados para assumir os desafios que a empresa nos coloca”, diz o gerente Eduardo Carvalho de Albuquerque.

São José dos Campos
Qualificação e erro zero são fundamentais para quem fabrica aviões. A montagem de uma aeronave é algo muito complexo. Leva mais ou menos quatro meses pra ficar tudo pronto. “Estamos dentro de um segmento que é a aviação, que não permite erro. O erro para nos é uma questão muito grave”, diz a diretora de recursos humanos da Embraer, Eunice Rios Batista. A empresa está instalada em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo.
Vagnaldo Telles de Carvalho é engenheiro mecânico. Ele trabalha na Embraer há nove anos e não parou de estudar. “São cinco ou seis anos de formação além da formação básica, além da faculdade”.
Se em São José dos Campos e no ABC estamos falando de trabalhadores altamente qualificados, no Sul do estado, como em Juquiá, o trabalho acontece em condições difíceis. Carteira assinada é um sonho para muitos trabalhadores.