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Grécia tem greve geral contra medidas fiscais do governo


LUCIANA COELHO

ENVIADA ESPECIAL A ATENAS

Funcionários do setor público e privado grego param hoje em uma greve geral que promete o impossível: tornar Atenas ainda mais caótica, com transporte público reduzido ao mínimo e manifestações nas ruas.

A convocatória veio do principal sindicato do país, o GSEE, em protesto contra o pacote de austeridade fiscal anunciado pelo governo sob a mira da União Europeia e que visa demolir um deficit orçamentário de 12,7% para 8,7%. Mas as propostas -do aumento de impostos ao corte de pensões, com mais por vir- são vistas como neoliberais pela instituição.

“Essas medidas vão aumentar o desemprego e estagnar a economia”, disse à Folha Zoe Lanara-Tzotze, secretária de relações internacionais do sindicato. “O plano deveria combater a evasão fiscal e lidar com a [falta de] competitividade.”
A evasão, calcula o governo, deixa quase 30% do PIB no mercado negro. E a falta de competitividade levou os produtos do país a serem substituídos até no mercado local por similares espanhóis, holandeses e alemães.

Por ora, o GSEE apoia o governo do socialista George Papandreou e o exime de responsabilidade pela dívida -inchada sob o governo anterior, conservador.
Também diz ser a favor de “medidas duras”, ecoando 60% da população grega.

A greve de hoje é o ápice de uma série de paralisações menores desde que a crise explodiu, em janeiro. Tamanha é a expectativa (Atenas está forrada de cartazes) que, nos últimos dias, não houve conversa com um grego que não incluísse a greve.

Ontem de manhã, um protesto parou a Bolsa de Atenas, e à tarde manifestantes exibiam faixas perto da casa do premiê. Papandreou acaba de voltar de um giro para reconquistar a credibilidade do país no exterior. Falta convencer o público interno.