Sergio Lamucci, de São Paulo |
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Impulsionada pela força da demanda interna e pelo dólar barato, as compras externas avançam a um ritmo impressionante A participação das importações no consumo doméstico de bens industriais ganha rapidamente terreno neste ano. No segundo trimestre, ficou em 18,3%, o nível mais elevado da série da LCA Consultores, iniciada em 2002, muito acima dos 14,9% do mesmo período de 2009. Impulsionadas pela demanda interna e pelo dólar barato, as compras externas avançam a um ritmo impressionante. De abril a junho, o volume importado cresceu 46,1% sobre os mesmos meses do ano passado, expansão ainda maior que a de 37,8% do trimestre anterior. O economista Douglas Uemura, da LCA, diz que o aumento da participação dos importados retoma um movimento interrompido pela crise de 2008. Quando a situação se normalizou, as importações voltaram a crescer aceleradamente, em resposta à expansão da demanda e à queda do dólar. Ele observa, porém, que a alta da participação das importações não é generalizada. Ocorre com mais força em setores como têxteis, materiais eletrônicos e aparelhos de comunicação, metalurgia básica e máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Neste último item, atingiu 27,5% no segundo trimestre, o mais alto da série iniciada em 2002. Já nos segmentos de máquinas e equipamentos, calçados, petróleo e carvão, a parcela dos produtos estrangeiros está abaixo dos níveis de 2008, quando a economia e as importações cresciam muito. Para o economista Júlio Callegari, do J. P. Morgan, a combinação da fraqueza da economia global com a força da demanda interna é um poderoso incentivo à alta das importações, ainda mais com o câmbio sobrevalorizado. Por aqui, alguns setores começam a bater no limite da capacidade produtiva, enquanto muitos países têm grande ociosidade na indústria. “Isso torna o produto estrangeiro ainda mais competitivo”. Nesse quadro, a fatia das importações avança, mesmo com a produção industrial brasileira em alta: de janeiro a junho, cresceu 16,2%. |