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Indústria e varejo vão crescer no mesmo ritmo


Previsão é de alta de 8,6%; resultado discrepante de 2009 não se repetirá

Jacqueline Farid

RIO

Passada a pior fase da crise global, a evolução da indústria e do comércio deve voltar a convergir este ano, após a forte discrepância nos dados dos dois setores no ano passado. As reações à crise foram distintas: o varejo terminou 2009 com alta de 5,9% nas vendas, enquanto a indústria desabou 7,4%.

A retração das exportações e a queda da confiança das indústrias, em contraste com o crescente aquecimento da demanda doméstica, explicam o verdadeiro abismo que se formou entre os dois setores. O relatório Focus divulgado ontem prevê para 2010, porém, crescimento de 8,6% na produção industrial, exatamente a mesma variação projetada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) para o varejo.

Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a redução nas exportações e nos investimentos fez a diferença entre a indústria e o varejo em 2009. “Antes não havíamos tido tantas diferenças entre um e outro setor, já que as crises passadas foram geradas internamente e, por isso, afetavam indústria e comércio diretamente.”

De acordo com Vale, passada a crise e com o mercado doméstico liderando o crescimento, o que deverá se repetir este ano, “teremos os dois setores de volta a um ritmo forte de expansão”.

Para o economista Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria, o que possibilitará à indústria crescer em magnitude similar ao varejo em 2010, além da base de comparação deprimida, é que a produção industrial crescerá em linha com a demanda doméstica, após a crise de confiança de 2009.

Andrade atribui a forte discrepância no desempenho da indústria e comércio, em 2009, às incertezas e estoques elevados que levaram o setor industrial a derrubar a produção no fim de 2008. Ele lembra que, logo após o início dos efeitos da crise no País, houve forte desconfiança em relação ao potencial de crescimento do mercado doméstico e, quando ficou claro que a demanda interna continuaria elevada, a indústria já tinha feito um ajuste intenso.