Entrevista
Nesta terça, 17 de novembro de 2020, a Força Sindical e da CUT lançaram em uma live (Facebook da IndustriAllBr e YouTube da TVT) a IndustriALL Brasil, uma associação para representar nacionalmente os trabalhadores na indústria, atuando pela reindustrialização do País, com geração de emprego de qualidade, renda e trabalho decente no setor.
A direção da IndustriALL Brasil é composta por dirigentes sindicais dos ramos metalúrgico, químico, têxtil-vestuário, alimentação, construção civil e energia, filiados às duas centrais, entidades que representam 10 milhões de trabalhadores na indústria em todo o Brasil.
Veja nesta entrevista a opinião de Miguel Torres, presidente da Força Sindical, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, sobre esta nova associação.
por Val Gomes
Observatório Metalúrgico – Qual a importância da IndustriAll Brasil?
Miguel Torres – É com muita alegria, esperança renovada e vontade de intensificar nossas lutas que, inspirados na IndustriAll Global Union, que representa 50 milhões de trabalhadores em 140 países, lançamos a IndustriAll Brasil, para agir com mais força e representatividade em defesa dos direitos da classe trabalhadora industrial, pela reindustrialização do País e pela retomada do desenvolvimento.
Observatório Metalúrgico – Que tipo de desenvolvimento?
Miguel Torres – Queremos um desenvolvimento que garanta a todos, trabalhadores e trabalhadoras, empregos de qualidade, trabalho decente, renda digna com poder de compra para os salários e condições de trabalho cada vez mais saudáveis e seguras. Com a IndustriAll Brasil pretendemos intensificar as ações sindicais e as articulações políticas de resistência aos projetos conservadores e neoliberais vigentes no País.
Observatório Metalúrgico – São projetos que causam prejuízos?
Miguel Torres – Sim. São projetos que têm causado inúmeros prejuízos e injustiças à maioria da população brasileira. Vou citar alguns exemplos: desindustrialização, falta de investimentos sociais, precarização das relações de trabalho, desemprego, subocupacão, trabalho intermitente, desalento, queda da renda das famílias, redução dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, exclusão social, pobreza, extrema pobreza, miséria, doenças e mortes, perda da soberania nacional e destruição da natureza e do meio ambiente. É uma lista imensa de maldades e destruição.
Observatório Metalúrgico – É um cenário bastante adverso e difícil. A IndustriAll Brasil agirá contra tudo isto?
Miguel Torres – Contra tudo isto e contra todos os ataques ao movimento sindical e as tentativas de afastarem a classe trabalhadora das lutas. Lutaremos com mais ênfase contra a postura autoritária de empresas, inclusive multinacionais, grandes corporações e do setor automotivo, que vivem anunciando o fechamento de postos de trabalho, sem diálogo algum com os sindicatos representativos e nenhuma preocupação com os riscos econômicos e sociais causados pelo desemprego.
Observatório Metalúrgico – A IndustriAll Brasil é, portanto, uma iniciativa pioneira e inédita?
Miguel Torres – E extremamente importante para a classe trabalhadora. Nossa associação reúne dirigentes experientes das duas centrais, Força Sindical e CUT, dos setores metalúrgico, químico, têxtil/vestuário, energia, construção civil e alimentação. Vamos apontar caminhos para o Brasil fazer crescer a nossa indústria, um dos principais motores de desenvolvimento do País, com espaço para gerar milhões de empregos, trabalho decente e qualidade de vida, desde já e após a crise da pandemia do coronavírus. Queremos o Brasil melhor inserido na conjuntura global, regional, no Mercosul e na América Latina, construindo um impacto positivo de organização dos trabalhadores e trabalhadoras em nível mundial.
Observatório Metalúrgico – A IndustriAll Global Union já havia apontado um caminho importante, ao unificar categorias, que a Força Sindical e CUT abraçaram e amadureceram como um ideal agora concretizado.
Miguel Torres – Além da IndustriAll Global Union, com presença de representantes brasileiros, temos também o Brasil Metalúrgico e, desde 2015, as ações unitárias do movimento sindical brasileiro, como experiências exemplares e inspiradoras para a criação desta aliança: a IndustriAll-Brasil.
Observatório Metalúrgico – Que outras ações a IndustriAll Brasil pode fazer?
Miguel Torres – Lutaremos com os sindicatos por uma maior aproximação da classe trabalhadora nas fábricas com os sindicatos, por meio de campanhas estratégicas de sindicalização. Iremos ampliar os debates no movimento sindical, através de fóruns, seminários e palestras nacionais e internacionais, e construir uma agenda para elaboração de propostas e ações sobre os impactos das indústrias 4.0 e da 5.0.
Observatório Metalúrgico – Por que este tema é crucial?
Miguel Torres – Devemos nos adequar urgente aos desafios impostos pela modernização tecnológica e exigir políticas de transição para que não haja desemprego na classe trabalhadora, mas sim a ampliação do conhecimento dos trabalhadores e das trabalhadoras para que todos e todas possam atuar com segurança e satisfação nesta nova indústria. Precisamos, neste sentido, diminuir as distâncias, ampliar o diálogo do mundo do trabalho e do setor produtivo nacional com as universidades e institutos de ensino e pesquisa e construir ações conjuntas e coordenadas. A IndustriAll Brasil pode ocupar um papel de grande articulador entre empresas e universidades, pois temos em mãos um importante diagnóstico da situação atual dos trabalhadores brasileiros. Afinal de contas, Força Sindical e CUT representam 37,8 milhões de trabalhadores na base, sendo 10 milhões só na base industrial.
Observatório Metalúrgico – A IndustriAll-Brasil é, enfim, um conjunto de esforços, força e propósitos na busca de uma sociedade cada vez mais inclusiva, que gere emprego e nos coloque de volta na rota do crescimento econômico, com desenvolvimento social?
Miguel Torres – Em resumo é exatamente isto. Precisamos voltar a ter uma democracia social e a IndustriAll Brasil terá um papel fundamental na construção desta nova história. Parabenizo o companheiro Aroaldo Oliveira da Silva que assumiu o compromisso de presidir a associação, e a todos os demais membros desta primeiro e pioneira diretoria. Força companheiros e companheiras. Estamos construindo mais uma importante história. A luta faz a lei!
Primeira diretoria da IndustriAll Brasil – mandato 2020-2022
Aroaldo Oliveira da Silva
SMABC
Presidente
Rosemary Prado
CNTM
Vice-Presidente
Raimundo Suzart
CNQ
Secretário-Geral
Sérgio Luiz Leite
FEQUIMFAR
Secretário de Administração e Finanças
Claudio da Silva Gomes
CONTICOM
Secretário de Relações Internacionais
Eunice Cabral
CONACCOVEST
Secretária de Formação
Jamil Dávila
CNTM
Coordenador do Departamento “Metalúrgico”
Paulo Cayres Ap. da Silva
CNM
Coordenador Adjunto do Departamento “Metalúrgico”
Edna Vasconcelos do Amaral
CNQ
Coordenador do Departamento “Químico”
Hebert Passos Filho
FEQUIMFAR
Coordenador Adjunto do Departamento “Químico”
Francisca Trajano
CNTRV
Coordenador do Departamento “Têxtil”
José Ricardo Leite
CONACCOVEST
Coordenador Adjunto do Departamento “Têxtil”
Antônio de Sousa Ramalho
CONST. CIVIL SP
Coordenador do Departamento “Construção Civil”
Janaina de Oliveira Luis
CONTICOM
Coordenador Adjunto do Departamento “Construção Civil”
Antonio Vitor
ALIMENTAÇÃO
Coordenador do Departamento “Alimentação”
Nelson Morelli
CONTAC
Coordenador Adjunto do Departamento “Alimentação”
Esteliano Pereira Gomes Neto
SINERGIA
Coordenador do Departamento “Energia”
Eduardo de Vasconcellos Correia Annunciato
ENERGIA
Coordenador Adjunto do Departamento “Energia”
Maria Rosângela Lopes
CNTM
Conselho Fiscal – Titular
Laura de Fátima Pereira Santos
FEQUIMFAR
Conselho Fiscal – Titular
Josimar Luis Cecchin
CONTAC
Conselho Fiscal – Titular
Reginaldo de Souza
CONACCOVEST
Conselho Fiscal – Suplente
Gerson Luiz Castellano
CNQ
Conselho Fiscal – Suplente
Márcia Regina Gonçalves Viana
CNTRV
Conselho Fiscal – Suplente
Mônica Veloso
Comitê Executivo Global
Edson Bicalho
Comitê Executivo Global
Lu Varjão
Comitê Executivo Global
Miguel Torres – presidente da Força Sindical
Sérgio Nobre – presidente da CUT