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IR: Mantega nega correção da tabela

Jornal da Tarde

Apesar do desmentido do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao desembarcar de suas férias em Brasília, de que o governo federal não estuda a correção da tabela do Imposto de Renda de pessoa física, o Planalto cogita sim esta possibilidade, como anunciou o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, porta-voz da presidente Dilma Rousseff, na reunião de quarta-feira com as centrais sindicais.

Mas, de acordo com um dos interlocutores da presidente, o governo só vai discutir esta questão depois de assegurar o valor do salário mínimo, de preferência em R$ 545, acenando com alguma possibilidade de chegar a um máximo de R$ 550. Em nome do equilíbrio fiscal, o Planalto rejeita, com veemência, qualquer valor acima disso, considerando completamente inviável até mesmo os R$ 560, que seria um meio termo entre os R$ 580 pleiteados pelas centrais e os R$ 545 oferecidos pelo governo.

A presidente Dilma Rousseff foi avisada das declarações de Mantega quando estava no Rio de Janeiro. Dilma já recomendou aos ministros que não discutam por meio da imprensa. O governo está tentando minimizar as declarações de Mantega, justificando que elas não confrontam com as de Gilberto Carvalho porque a correção da tabela do IR não estava sendo estudada antes e o ministro da Fazenda estava de férias.

Justifica ainda que as centrais sindicais colocaram o assunto na mesa de negociações oficialmente na quarta-feira, e Gilberto Carvalho avisou que se o governo decidir dar alguma coisa, será o centro da meta da inflação deste ano e não a inflação do ano passado. Com isso, o governo rejeita os 6,46% que as centrais querem, que representariam perda de receita de R$ 1,5 bilhão, concordando em discutir a possibilidade de reajustar a tabela em 4,5%, que implicaria na perda de R$ 1 bilhão.

O reajuste das aposentadorias com valor acima do salário mínimo, no entanto, não está sequer entrando na pauta do governo, conforme foi reiterado ontem por uma fonte. “Aposentado que ganha acima de um salário mínimo não pode receber mais do que a reposição da inflação. Este assunto não está em discussão para o governo”, disse um interlocutor direto da presidente, sinalizando aos sindicalistas que este assunto não entrará em discussão.

Até o final da tarde de ontem, Gilberto Carvalho, conhecido pelo seu perfil de colocar panos quentes em polêmicas e tentar aplacar problemas para o Planalto, evitou qualquer declaração pública para não parecer que estava confrontando Mantega.