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Lupi inaugura busto de Vargas em sindicato paulista


Ana Paula Grabois e Fernando Taquari | De São Paulo

São Paulo não tem rua, avenida ou praça pública com o nome de Getúlio Vargas. Ontem o ministro do Trabalho Carlos Lupi veio a São Paulo para inaugurar um busto do presidente que criou a CLT, mas a cidade continuará sem lhe prestar uma homenagem pública. O busto ficará na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de dados e Tecnologia da Informação de São Paulo (Sindpd). Foi uma homenagem aos 80 anos da Revolução de 30, movimento que abriu espaço para o chamado “governo provisório” de Vargas, depois da deposição do presidente Washington Luís e do impedimento da posse de Júlio Prestes. Em oposição, São Paulo moveu a Revolução de 1932.

“São Paulo tem um problema com Getúlio Vargas, precisamos dissolver isso. Até hoje, esse ranço da Revolução de 1932 continua. Ele foi um dos presidentes que mais contribuições deram ao país”, disse o presidente do Sindpd, Antonio Neto, também presidente da central sindical CGTB. O outro presidente que o sindicalista logo associa a Vargas é Luiz Inácio Lula da Silva.

“Há toda semelhança entre os dois. Lula resgatou o getulismo no Brasil”, disse o dirigente sindical. Antonio Neto cita a valorização do salário mínimo, a geração de empregos, o papel da Petrobras e os programas sociais do atual governo. “O Getúlio era o pai dos pobres”, diz.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não economizou nas palavras a Vargas. “Ele foi uma verdadeira revolução para esse país, proclamou a justiça social”, disse o ministro, ao lembrar da criação do salário mínimo, da Previdência, do voto universal e da Petrobras. Lupi, presidente licenciado do PDT, disse que “coincidências” colocaram no poder duas lideranças – Vargas e Lula – “com o mesmo sentimento de amor ao povo brasileiro”.

“O Getúlio deu o direito do voto da mulher. Vem o Lula e coloca a primeira mulher eleita presidente da República”, disse Lupi em mais uma comparação durante a homenagem que reuniu cerca de cem convidados.

Após o evento, o ministro defendeu reajuste do salário mínimo para 2011 acima do previsto pelo governo. A proposta do Executivo é de R$ 538, com possibilidade do valor ser arredondado para R$ 540. Os sindicalistas reivindicam R$ 580. “Vamos ver com as contas da Fazenda, que é o nosso calcanhar de Aquiles, e com as contas da Previdência o limite máximo que podemos dar. Acho que fica entre R$ 560 ou R$ 570. Vai depender dos estudos técnicos. Dificilmente vai ficar menor do que isso”, afirmou.

O ministro do Trabalho disse ser ser possível chegar aos R$ 570. “Sempre é possível porque quando aumenta o salário mínimo, aumenta a arrecadação”, disse Lupi, sob o argumento de que o ganho real do mínimo em torno de 70% no governo Lula impulsionou a economia. O cálculo do mínimo considera PIB de dois anos anteriores além da inflação. O problema para o ano que vem é que em 2009 a economia não cresceu e os sindicatos querem aumento real.

Lupi pleiteia que o PDT tenha mais um ministério no governo de Dilma Rousseff. O partido quer uma pasta social, além de cargos em estatais. “Não reivindicamos cargos. Pleiteamos tarefa. É diferente. Quem ajuda a ganhar, quer ajudar a governar”, disse. Sobre as chances de continuar no cargo, Lupi frisou que a decisão é de Dilma.