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Metalúrgicos da Prada entram em greve

Os cerca de 1.200 trabalhadores da Metalúrgica Prada, fabricante de embalagens metálicas na zona sul, entraram em greve ontem, em protesto à intransigência e aos abusos sofridos pelos trabalhadores. O estopim da greve foi o fato de a empresa, administrada pela CSN, querer elevar a jornada de trabalho de 41h para 44h semanais e não promover a equiparação salarial que vem sendo reivindicada há dois anos.

A assembleia que aprovou a greve, ontem de manhã, foi acompanhada pela polícia. Uma segunda assembleia, hoje, foi realizada a cem metros da fábrica, porque a empresa conseguiu na Justiça um mandato (interdito proibitório) que proíbe o Sindicato de realizar assembleia em frente à empresa.

Nesta quinta-feira, dia 7, às 7h, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo vai realizar no local uma sardinhada de protesto às pressões e discriminações praticadas pela empresa contra os trabalhadores. O endereço é rua Francisco Pita Brito, 138, Santo Amaro, próximo ao terminal de ônibus.

MOTIVOS DA GREVE

Em abril de 2007, o Sindicato e a Prada assinaram um acordo fixando a jornada de trabalho em 41h15, por dois anos. Até então, a jornada era de 40h, e a empresa pagou um abono de R$ 2.000 aos trabalhadores, como compensação pela ampliação da jornada em uma hora e 15 minutos.

O acordo assinado em 2007 venceu no mês passado e a empresa tentou impor a jornada de 44h. O sindicato foi contra e a empresa propôs, então, manter a jornada de 41h15, mas instituir banco de horas. Os trabalhadores não aceitaram, reivindicam a volta da jornada de 40 horas, que vigorou de 2002 a 2007, e a equiparação salarial reivindicada há dois anos. A diferença salarial chega a R$ 2.000 entre trabalhadores que exercem a mesma função.

Além dessas questões, os trabalhadores reclamam de discriminação e perseguições, conforme segue:

– Não aceitação, pela empresa, da comissão de dez funcionários para negociar a PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) – a empresa quer indicar os membros da comissão;
–  Não permitir que funcionárias com filhos de colo utilizem os ônibus fretados da empresa para ir trabalhar;
– Perseguição aos delegados sindicais, comissão de fábrica e cipeiros;
– Dar advertência a quem vai ao departamento pessoal reclamar direitos (horas-extras não pagas, atraso do adicional noturno ou pagamento de valor errado, por exemplo) – para ir ao DP tem que ter autorização do chefe;
–  Não aceitação de atestados médicos;
– Dar advertência em caso de faltas por motivo de doença;
– Falta de limpeza e higiene nos banheiros;
– Ameaças constantes das chefias;
– Cerceamento do trabalho dos cipeiros;
– Falta médico do trabalho

Para o diretor do Sindicato Carlos Augusto dos Santos, o Carlão, “a Prada parece um campo de concentração. Ali, nada pode. O trabalhador não pode sair da máquina, mesmo em caso de necessidade, sem autorização do chefe. Se sair recebe advertência. E quando um cipeiro vai a algum lugar, botam uma pessoa atrás dele. Tem pessoas trabalhando doentes porque não conseguem afastamento”, afirma.