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Metalúrgicos de São Paulo param por mínimo de R$ 580 e correção da tabela do IR


Publicada em 09/02/2011 às 16h35m
Leila Suwwan – O Globo; com Agência Brasil

Trabalhadores filiados ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi (filiado à Força Sindical) realizaram na manhã desta quarta-feira uma manifestação pelo aumento real do salário mínimo e pela correção da tabela de imposto de renda.

No principal local de concentração, na Rua Cadiriri da Mooca, na Zona Leste da capital paulista, ocorreu uma curta paralisação nas fábricas locais e cerca de 150 funcionários realizaram uma caminhada pela rua, com faixas e alto-faltantes. O protesto era direcionado contra a equipe econômica do governo e evitou ataques diretos à presidente Dilma Rousseff.

– A queda de braço não é com a Dilma, é com o setor financeiro. O aumento real do salário mínimo beneficiará 49 milhões de trabalhadores. Além disso, se não houver correção da tabela de IR, ocorrerá um confisco. Muitos trabalhadores que conquistaram aumento, mas vão ficar com menos dinheiro porque mudaram de faixa de renda – disse Miguel Torres, presidente do sindicato.

Uma das faixas alertava: “Presidenta, cuidado. O governo FHC começou assim, sem correção da tabela de IR”. Sindicalistas pedem um aumento para R$ 580, mas há disposição para aceitar um reajuste menor.

A manifestação, segundo a entidade, ocorreu em diversos pontos da Zona Leste simultaneamente e teria paralisado mais de dez mil trabalhadores. O ato estava na pauta de mobilização da Força Sindical desde antes de o governo encerrar as negociações, pegando de surpresa as seis centrais sindicais. O grupo ainda estuda a estratégia de embate no Congresso Nacional, onde a questão será levada ao voto.

O governo vem endurecendo o discurso na negociação do mínimo. Na terça-feira, o Palácio do Planalto avisou aos parlamentares da base aliada que, caso seja feita qualquer modificação na proposta do governo, a diferença terá que ser compensada com um corte nas emendas individuais dos parlamentares .

A relação com as centrais sindicais, por sua vez, também é tensa. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), disse esperar que o governo não interrompa as negociações . Para ele, se o governo enviar ao Congresso uma proposta fixando o mínimo em R$ 545, isso significará o rompimento das negociações.

No início da semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante o Fórum Social Mundial no Senegal, que os sindicalistas eram oportunistas por tentarem mudar a regra do mínimo.

A expectativa do governo é que o projeto do mínimo passe na frente das dez medidas provisórias (MPs) que estão trancando a pauta do Congresso e seja votado já na semana que vem .

Sarney defende Lula e mínimo de R$ 545

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), qualificou de “legítimas” as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às centrais sindicais por pretenderem modificar o acordo firmado em seu governo de uma política para o salário mínimo. Da África, Lula afirmou que não se pode querer mudar a regra do jogo a cada momento. 

– A crítica é legítima uma vez que ele (Lula) promoveu o acordo (uma política para o salário mínimo) com as centrais sindicais. Foi ele quem presidiu este acordo, e ele tem a legitimidade de ser um operário e saber o que é justo e o que é injusto – disse José Sarney.

O senador acrescentou que para votar a matéria antes do recesso carnaval, em março, é necessário que haja um pedido de urgência constitucional. Essa urgência é uma prerrogativa da presidenta Dilma Rousseff e, no caso de o projeto de lei que prorroga a política de correção anual do salário mínimo chegar ao Congresso sem a urgência, esse quesito poderá ser pedido pelos presidentes da Câmara e do Senado à presidenta.

Sarney também disse que, na terça-feira, na reunião de líderes dos partidos da base aliada com o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, essa possibilidade de pedido de urgência foi discutida. 

– Ontem tratamos disso com as lideranças para que pudéssemos ter o projeto de lei do salário mínimo e não medida provisória, que fosse para a Câmara e ela se submetesse a votar em regime de urgência e o Senado adotaria a mesma urgência.