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Metalúrgicos já pensam em pedir aumento


A metalúrgica a MWM poderia ser um símbolo dos efeitos da crise no emprego industrial. A empresa fechou 70% dos postos de trabalho no ano passado. Hoje, a fábrica de Santo Amaro já conta com 2.150 funcionários, 150 deles contratados este ano. É o caso do montador Marcio Roberto Souza, que se virou como manobrista durante o período de um ano em que ficou desempregado. “Mas o que me fez voltar ao mercado foram os cursos que tenho. Sem especialização você não consegue nada.”

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, afirma que casos como o MWM se repetem neste início de 2010. “Hoje, há pouquíssimos casos de demissão no setor”, afirma. Por esse motivo, o sindicato já pensa em brigar por aumento da renda dos trabalhadores e redução da jornada sem redução de salário. “Quando as empresas sofreram com a crise, dividimos o ônus, fazendo acordos de redução de salário. Agora que o trabalhador viu que voltamos a crescer, ele vai querer a parte dele.”

Os funcionários da indústria têm motivos para se animar. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atingiu em fevereiro 115,8 pontos, o melhor nível desde dezembro de 2007. “Há um otimismo muito grande, apesar da fraca demanda externa. Mas, nos próximos meses, é possível que haja alguma correção nesse otimismo”, afirma o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo.

Isso significa que o bom momento do setor vai continuar, com exceção dos segmentos que dependem mais das exportações, como calçadista e moveleiro, por exemplo. Nesses casos, as contratações devem ser escassas. Mas ao menos a fase de demissões parece ter finalmente terminado.