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Metalúrgicos rejeitam reajuste de 10,5%

Empregados da Toyota, de Indaiatuba, e da Mercedes-Benz, em Campinas, recusam proposta de montadoras e decidem entrar em greve

Marcelo Rehder

Os metalúrgicos da Toyota, de Indaiatuba, e da Mercedes-Benz, de Campinas, ambas no interior paulista, entraram ontem em greve por tempo indeterminado, depois de rejeitarem oferta de 5,95% de aumento real de salário, mais reposição da inflação de 4,29% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Não à proposta. Trabalhadores da Mercedes-Benz, em Campinas, e da Toyota reivindicam reajuste de 17,45% e redução da jornada para 36 horas semanais
O índice de 10,5%, proposto pelas montadoras, supera os acordos feitos por metalúrgicos de outras regiões do Estado, cujo reajuste foi de 9%, o que representa 4,52% de aumento além da inflação.
A aprovação da proposta chegou a ser defendida em assembleia pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, ligado à Coordenação de Lutas (Conlutas), braço sindical do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Mas não foi aceita.
“Não tinha como o sindicato falar contra uma proposta dessas”, disse Jair dos Santos, presidente do sindicato. “Achamos a proposta aceitável, mas o pessoal entende que não, e decidiu pela paralisação.”
A Toyota emprega 2 mil metalúrgicos e a Mercedes, 800. Na fábrica da Toyota, onde são montados os modelos Corolla, por exemplo, cada dia parado representa 300 unidades que deixam de ser montadas.
Entre outras reivindicações, os metalúrgicos da região de Campinas querem reajuste de 17,45% e redução da jornada para 36 horas semanais, sem redução dos salários.
Além dos trabalhadores da Toyota e da Mercedes, o sindicato de Campinas representa também os metalúrgicos da fábrica da Honda no município de Sumaré. Os 3,5 mil trabalhadores da unidade da montadora japonesa aprovaram a proposta de 10,5% de reajuste, em decisão praticamente unânime.
“Acredito que, pelo menos nos últimos dez anos, não teve nada parecido com isso no Brasil todo”, disse Santos, referindo-se ao aumento real de 5,95% previsto no acordo da Honda.
Para o sindicalista, a recusa dos trabalhadores da Toyota e da Mercedes não está localizada somente no índice de reajuste. “A recusa não é necessariamente do índice, mas é em função de situações internas da empresa que o trabalhador quer ver resolvidas no momento da data-base”. Ele cita problemas específicos de política de cargos e salários e de equiparação salarial, entre outros.
ABC. Na região do ABC paulista, onde se concentra o maior número de montadoras, a campanha salarial pode ter um desfecho neste fim de semana. Os sindicalistas voltam a se reunir hoje com representantes das montadoras para discutir o índice de reajuste salarial. Os resultados da rodada serão avaliados amanhã, em assembleias de trabalhadores previstas para o período da manhã. A possibilidade de uma greve geral não está descartada.
PARA LEMBRAR
Os metalúrgicos das fábricas da General Motors (GM) em São José dos Campos, interior paulista, e em São Caetano do Sul, na região do ABC, conquistaram no início da semana reajuste salarial de 9%, retroativo a 1.º de setembro, data-base da categoria. O porcentual corresponde à reposição da inflação de 4,29% acumulada em 12 meses até agosto, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais 4,52% de aumento real de salário.
O aumento de 9% é válido para salários de até R$ 7.730. Acima disso, será pago um reajuste fixo de R$ 686. O acordo também prevê abono salarial de R$ 2.200.
A GM de São José dos Campos emprega 8,5 mil trabalhadores, ligados à Coordenação de Lutas, braço sindical do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Em São Caetano do Sul, base da Força Sindical, a fábrica da montadora tem 8 mil trabalhadores.