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Número de trabalhadores por conta própria é maior no Norte e Nordeste

Fernanda Bompan – DCI

Do total da população ocupada, nessas duas regiões, cerca de 29% representam aqueles que não estão em empresas, enquanto que nas demais localidades esse percentual não chega a 22%

São Paulo – Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o volume de trabalhadores por conta própria entre a população ocupada é maior no Norte e Nordeste do que nas demais regiões.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Continua) referente ao segundo trimestre deste ano informou que nesses dois locais, no total das pessoas inseridas no mercado de trabalho – com 14 anos ou mais – nesses dois locais, cerca de 29% representam aqueles que atuam por conta própria. Enquanto que nas demais regiões não chega a 22%: Sudeste tem 19,1%, Sul conta com 20,9% e Centro-Oeste, 21,3%.

De acordo com Tales Andreassi, coordenador do Centro de Empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas (FGV), existem duas explicações possíveis. “Uma delas é que em regiões mais pobres, o profissional opta por trabalhar por conta própria ou montar seu próprio negócio porque não há oferta de emprego e ele precisa sobreviver de alguma forma”, aponta.

Outra questão, segundo o especialista é com a maior distribuição de renda principalmente nessas regiões, em virtude de programas sociais como o Bolsa Família, o empreendedorismo pode ter surgido como uma oportunidade de negócios.

Destaque

De qualquer forma, o Nordeste foi o destaque na PNAD Contínua divulgada ontem. De cada três vagas geradas no segundo trimestre, duas foram nessa região.

O mercado de trabalho nordestino abriu 999 mil vagas entre abril a junho de 2014, em comparação com igual período do ano passado. Em todo o País, foram criadas 1,495 milhão de vagas. Ao mesmo tempo, enquanto a entrada de trabalhadores formais no mercado nacional subiu 5,1%, com 1,799 milhão de empregados, na região nordestina, aumentou 10,4%, para 582 mil, na mesma comparação.

“Foi o cenário econômico que favoreceu essa geração de postos de trabalho”, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, ao apresentar a pesquisa. “Dado o desenvolvimento econômico dessas regiões ser menor que o das demais, elas têm um nível de ocupação menor. Entretanto, principalmente na Região Nordeste, foi verificado crescimento expressivo da população ocupada. Nessa regiões também foi observado crescimento expressivo da população empregada com carteira assinada”, acrescentou.

Por outro lado, o Nordeste apresentou o maior percentual de pessoas fora da força de trabalho (43,1%), e as regiões Centro-Oeste (34,8%) e Sul (36,2%), os menores. No Brasil, 38,9% das pessoas em idade de trabalhar foram classificadas como fora da força de trabalho, ou seja, aquelas que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa.

No geral, a taxa de desocupação para o Brasil, no segundo trimestre de 2014, foi estimada pelo instituto em 6,8%, queda de 0,3 ponto percentual ante o primeiro trimestre, e 0,6 ponto em relação a igual período de 2013. O nível da ocupação para o registrado entre abril e junho de 2014 (56,9%) permaneceu estável nas duas bases de comparações.

Para Azeredo, apesar a queda da taxa de desocupação ter sido menos intensa entre o primeiro e segundo trimestre deste ano, o cenário do mercado de trabalho é favorável, com geração substancial de vagas e aumento na formalidade.

Tendência

Para Pedro Raffy Vartanian, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o segundo trimestre foi melhor que o primeiro porque os efeitos das demissões da indústria não foram ainda absorvidos nessa última pesquisa. “No terceiro trimestre teremos uma ideia melhor de como está o comportamento do mercado de trabalho. Mas a tendência é de piora da taxa de desemprego por conta da indústria, já que alguns optaram por dar férias coletivas ou utilizar banco de horas”, disse.

No caso de comércio e serviços, Júlia Ximenes, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entende que, com base em dados sobre a região metropolitana paulista o cenário global é de estabilidade para o setor. “Há maior cautela dos consumidores e dos empresários, o que afeta o mercado de trabalho [sem vendas, contratação cai]. É preciso ver como será a tendência dos indicadores. Se os números persistirem, o olhar para investimentos será mais cuidadoso”.