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O tempo não para; Em busca de emprego há 37 meses

Apesar da melhora na economia, o período de busca por uma colocação no mercado de trabalho praticamente não mudou em novembro do ano passado em relação a novembro de 2008, no auge da crise econômica internacional

Apesar do período mais crítico da crise econômica mundial ter ficado para trás e a economia brasileira ter voltado a crescer a partir da metade de 2009, o mercado de trabalho ainda não se recuperou a ponto de gerar novas vagas de trabalho e absorver com mais rapidez quem perdeu o emprego.

De acordo com o levantamento mensal do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), o tempo gasto pelo desempregado na busca de uma colocação em novembro de 2008 na Grande São Paulo é praticamente o mesmo de igual mês de 2009. Quem estava desempregado em novembro de 2008 passou, em média, 37 semanas à procura de emprego e ainda não tinha encontrado até a data da pesquisa. O resultado de novembro de 2009 é semelhante, com 38 semanas, em média. Ambos equivalem a mais de nove meses de busca.

A taxa de desemprego total – que mede a proporção da população economicamente ativa que está sem emprego – também é semelhante em ambos os meses. Enquanto em novembro de 2008 a taxa era de 12,3%, no mesmo período de 2009, o índice de desemprego estava na casa dos 12,8%.

Para o coordenador da equipe de análises da Pesquisa de Emprego e Desemprego, Alexandre Loloian, o fato de os índices de desemprego e de tempo despendido serem iguais em 2008 e em 2009 é positivo, pois mostra uma recuperação. No entanto, ainda não significa uma superação dos efeitos da crise. “Ainda falta dinamismo na economia para a abertura de novas vagas de trabalho.”

O especialista afirma que há diversos fatores que levam a um tempo tão longo na procura de trabalho. Um deles é a falta de criação de vagas por falta de crescimento econômico. Até novembro, a indústria ainda apresentava um déficit de vagas de 6,5% na região metropolitana de São Paulo em comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o comércio e serviços haviam se recuperado e foram além, com ampliação nos postos de trabalho de 3,5% e 1%, respectivamente.

O outro fator é falta de qualificação do candidato. “Além disso, tem a exigência tanto do lado de quem procura emprego quando do empregador. Até distância entre o local de trabalho e a residência de quem quer a vaga pode pesar na seleção”, comenta Loloian.

O professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e coordenador do Observatório do Emprego, Hélio Zylberstajn, diz que de cada 100 pessoas que procuram emprego, apenas 11 conseguem no mesmo mês. “Quanto o maior o grau de escolaridade, mais tempo ele leva para encontrar um emprego, pois se torna mais exigente e não aceita qualquer vaga. No entanto, a probabilidade desse candidato permanecer no novo emprego é maior do que a dos menos seletivos”, comenta o coordenador.

O candidato que tiver curiosidade em saber as suas chances de conquistar um emprego no primeiro mês de procura pode fazer o simulado no site Termômetro do Emprego (www.termometrodoemprego.sp.gov.br). Basta colocar os dados básicos para obter o resultado.

Zylberstajn também acredita que falta mais dinamismo ao mercado para absorver todo o contingente de trabalhadores ociosos. “A força de trabalho cresce 2% ao ano, em média. Mas o mercado não acompanha”, diz.

Para 2010, a tendência é de melhora tanto na geração de vagas, o que diminuiria o tempo despendido, quanto na qualidade do emprego. “Há uma melhora no que se refere ao trabalho precário, o que mostra que mais pessoas estão sendo e serão contratadas com carteira assinada nos próximos meses. Isso também anima quem estava fora do mercado de trabalho”, afirma Loloian.

Texto Luciele Velluto