Apesar da alta, economia ainda não recuperou perdas da recessão.
Frente ao terceiro trimestre de 2008, PIB teve queda de 1,2%.
A economia brasileira voltou a crescer no terceiro trimestre deste ano, intensificando a retomada do crescimento após seis meses de recessão influenciada pela crise mundial. De julho a setembro, o Produto Interno Bruto (PIB), que mede todas as riquezas produzidas pelo país, cresceu 1,3% na comparação com o trimestre anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento ficou abaixo do esperado pelo mercado, entre 1,5% e 2,6%.
Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 797 bilhões no terceiro trimestre. Em valores adicionados, a agropecuária foi responsável por R$ 40,1 bilhões e a indústria, por R$ 181,9 bilhões. A participação de serviços foi de R$ 465,2 bilhões.
A economia do país, no entanto, ainda não recuperou as perdas sofridas com a recessão registrada entre outubro do ano passado e março deste ano: na comparação com o mesmo trimestre de 2008, o PIB segue em baixa, de 1,2%. No acumulado de janeiro a setembro, a queda ficou em 1,7% frente ao mesmo período de 2008.
“Já é a segunda taxa positiva depois de duas negativas do quarto e do primeiro trimestre. O que vemos é que tanto a parte da indústria e dos investimentos está crescendo no terceiro trimestre em relação ao segundo, só que elas ainda apresentam quedas em relação ao que vinha sendo registrado pré-crise, nos primeiros trimestres de 2008”, diz a gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.
Revisão
O IBGE também revisou para baixo o crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano. A alta divulgada anteriormente, de 1,9% na comparação com os primeiros três meses do ano, foi revista para 1,1%.
“Particularmente, esse terceiro trimestre reflete um momento de crise que fez com que essa série tenha uma instabilidade maior de números”, explicou Roberto Olinto, coordenador de contas nacionais do IBGE.
A revisão, segundo o IBGE, leva em conta a incorporação dos resultados anuais de 2007, a re-estimação dos quatro trimestres de 2008, a partir do novo 2007, incorporando revisões nos dados primários e a PNAD, e a re-estimação dos dois primeiros trimestres de 2009, com novas ponderações de 2008 e revisões nos dados primários.
Foram revisadas também as variações de trimestres anteriores: no primeiro trimestre do ano, a queda foi revista para 0,9% (o dado inicial era de -1,0%); no quarto trimestre de 2008, a baixa ficou em -2,9% (ante dado original de -3,4%); e no terceiro trimestre de 2008 a alta foi revisada para 1,1% (a divulgação original apontava crescimento de 1,3%).
Indústria foi destaque
Na comparação com o trimestre anterior, a indústria foi destaque de crescimento, com alta de 2,9%, seguida por serviços, com alta de 1,6%. Já a agropecuária teve queda acentuada, de 2,5%.
Frente ao terceiro trimestre de 2008, a retração do setor agrícola foi ainda maior, de 9,0%. A indústria também teve forte contração, de 6,9%. O setor de serviços foi o único a registrar alta nessa base de comparação, de 2,1%.
A queda na agropecuária, segundo o IBGE, “pode ser explicada pelo desempenho de alguns produtos que possuem safra relevante no trimestre. Com exceção da cana-de-açúcar, com estimativa de crescimento anual de 6,9%, as estimativas para 2009 do trigo em grão (-15,1%), do café em grão (-13,8%), da mandioca (-0,3%) e da laranja (-0,1%) apresentaram quedas em relação ao ano anterior”.
“Na comparação com o ano anterior, estamos com taxas negativas, tanto do PIB quanto na Agropecuária, na Indústria e nos Investimentos. As atividades que estão crescendo são atividades ligadas aos Serviços, que são o setor menos afetado pela crise”, diz a gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.
“As atividades que estão crescendo são atividades ligadas aos Serviços, que são o setor menos afetado pela crise”, diz Rebeca.
No outro lado, a parte do consumo das famílias e do governo continua crescendo, só que em relação ao primeiro e ao segundo trimestres estamos em um patamar mais elevado”.
Já na indústria, a construção civil, com recuo de 8,4% frente ao terceiro trimestre de 2008, foi o destaque negativo, seguida pela indústria de transformação, que se contraiu em 7,9%.
Consumo das famílias
Na comparação com o segundo trimestre, o consumo das famílias cresceu 2,0% e foi um dos pontos mais favoráveis em relação à demanda interna.
Frente ao mesmo trimestre de 2008, o consumo das famílias mostrou o 24º crescimento consecutivo nessa comparação, de 3,9%. “Um dos fatores que contribuíram para este resultado foi a elevação de 2,5% da massa salarial real, com aumento de ocupação e do rendimento médio real do trabalho”, diz o IBGE em nota.
“A taxa de consumo das famílias nunca chegou a ficar com taxa negativa em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, porque continuamos tendo crescimento do crédito a pessoas físicas e continuamos tendo crescimento da massa salarial real. Houve um crescimento da ocupação e do rendimento médio”, diz a gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.
Exportações e importações têm segundo trimestre de alta
Pelo lado do setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram alta de 0,5% e as Importações de Bens e Serviços cresceram 1,8%, no segundo crescimento seguido na comparação com o trimestre anterior. Frente o 2008, no entanto, houve queda acentuada, de 10,1% nas exportações e de 15,8% nas importações.