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Pós-recessão: Atividade industrial desacelera nas principais economias

Indústria global perde fôlego e retomada ficará mais lenta
The Wall Street Journal

O crescimento da atividade industrial desacelerou em várias das maiores economias do mundo em julho, reforçando a preocupação com o vigor da recuperação no segundo semestre.
Embora o setor manufatureiro ainda esteja se expandindo em várias regiões, o ritmo mais fraco indica que as fábricas não serão o forte motor do crescimento como foram no começo do ano.
Nos EUA, o índice da atividade industrial do Instituto de Gestão de Suprimento (ISM, na sigla em inglês) caiu para 55,5, ante 56,2 no mês anterior. Dados acima de 50 indicam expansão do setor.
A atividade industrial se fortaleceu na Europa, puxada pela Alemanha, enquanto o crescimento desacelerou em boa parte da Ásia.
No começo do ano, a pesquisa do ISM com os gerentes de compras dos EUA mostrou que 17 entre 18 setores estavam se expandindo. Esse número caiu para 10 em julho. Quatro setores (produtos minerais não metálicos, móveis, alimentos e máquinas) apresentaram contração no mês.
O relatório também mostrou quedas bruscas das novas encomendas, um parâmetro importante de demanda futura, e de produção. Os dados mais fracos sugerem que a indústria deve crescer mais lentamente nos próximos meses.
“Não existem muitos fatores de estímulo para a indústria no segundo semestre”, disse Norbert Ore, presidente do comitê de pesquisa do ISM. “Tudo indica que veremos crescimento, mas que ele vai ser lento e fraco.”
A atividade industrial na zona do euro melhorou em julho, subindo de 55,6 para 56,7, em grande parte por causa do forte crescimento na Alemanha. O índice do setor industrial caiu na França, Holanda, Irlanda e Áustria, à medida que o crescimento desacelerou. A Grécia foi o único país a ver queda absoluta na produção.
“Esta é claramente uma recuparação desnivelada, e as variações nacionais no desempenho da indústria podem causar divergências semelhantes no consumo das famílias via mercado de trabalho, cujos desequilíbrios vão piorar”, disse Chris Williamson, economista-chefe da Markit, que faz a pesquisa para o índice com cerca de 3.000 fabricantes europeus.
O crescimento dos novos pedidos para exportação desacelerou para o menor ritmo desde janeiro, o que sugere que a aceleração no total de novos negócios em julho foi alimentada pelo mercado doméstico, afirmou a Markit.
Na Ásia, a atividade industrial em boa parte do continente também esfriou. A China teve sua primeira contração desde que a recuperação começou, no início de 2009, o que indica que a retomada nas regiões que mais crescem no mundo está perdendo fôlego. O índice de gerentes de compras da indústria na China caiu para 49,4 em julho, contra 50,4 em junho. Foi o quarto mês seguido de baixa.
Uma outra medida, a oficial, da atividade industrial na China, divulgada no domingo, sugere um desaquecimento mais modesto. O índice, do Escritório Nacional de Estatísticas e da Federação de Logística e Compra da China, caiu de 52,1 em junho para 51,2 em julho, a terceira baixa consecutiva e o ritmo mais lento nos 17 meses em que o índice está acima de 50.
A Índia não acompanhou a tendência, subindo ligeiramente pelo 16º mês seguido. Mas a queda nos índices da indústria em outros países, da Coreia do Sul a Taiwan, ressalta como o esforço do governo chinês para conter o boom imobiliário afetou o resto da Ásia, cujos setores de exportação vêm sendo puxados pela demanda chinesa.
Os produtores globais ainda têm como sustentar o contínuo crescimento, apesar do fraco consumo das famílias. Os lucros altos nos últimos meses deram às empresas dinheiro para investir na produção no resto do ano.
As indústrias também parecem ter mantido o poder de fixar os preços, apesar do temor de deflação. O índice de preços americanos do ISM subiu ligeiramente, de 57 em junho para 57,5 em julho. “Como os preços se mantiveram, as indústrias podem continuar a desfrutar de lucros razoáveis”, diz Ore.
A fabricante americana de caminhões especiais Oshkosh anunciou ontem um aumento significativo no lucro no último trimestre, com aumento da margem bruta de 14,5% para quase 20%, devido ao volume de vendas mais alto e custos mais baixos de materiais. A empresa informou que o segmento de defesa teve um bom resultado, com as vendas subindo graças à demanda por caminhões blindados pelo Exército americano.
Robert Bohn, presidente da Oshkosh (que também faz caminhões de bombeiro e de lixo), espera um aumento na demanda por suas outras linhas de produtos devido à “recuperação econômica gradual” no início de 2011, mesmo que a receita militar caia.
Já o Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos em construção subiram 0,1% em junho, em relação a junho, para a taxa anualizada dessazonalizada de US$ 836 bilhões, em boa parte devido a projetos do setor público. Esse gasto havia caído 1% em maio. Os setores residencial e comercial seguem fracos. O gasto com construção fora do governo caiu 0,6%.