Bruna Saniele
Apesar do aumento do sentimento de identidade e da diminuição da desigualdade em relação aos brancos, os negros e pardos ainda são muito desfavorecidos no Brasil. Segundo dados da Síntese dos Indicadores Sociais 2010, do IBGE, a remuneração por hora de pretos e de pardos é, em média, 20% menor que a dos brancos. Ainda assim, nos últimos anos a situação melhorou.
Ocupação segundo cor ou raça (%)
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Branco |
Preto |
Pardo |
Empregado com carteira assinada |
39,5 |
36,8 |
31,1 |
Empregado sem carteira assinada |
13,8 |
17,4 |
18,9 |
Empregador |
6,1 |
1,7 |
2,8 |
Em relação à população com até quatro anos de escolaridade, os rendimentos por hora de trabalho de pretos e de pardos passou de 47% e 49,6%, em 1999, respectivamente, para 57,4% do rendimento dos brancos em 2009.
Em relação à distribuição de renda das famílias, é possível verificar que houve diminuição da desigualdade entre as raças nos últimos dez anos, embora a representatividade dos negros e pardos continue irrisória em relação ao total da população.
Apesar de pretos e pardos corresponderem à maioria da população, ou 51,1% (6,9% e 44,2%, respectivamente) em 2009, apenas 1,8% de pretos e 14,2% de pardos estão na esfera que abrange 1% da população mais rica do país. No entanto, em 1999, apenas 1,1% de pretos e 8% de pardos faziam parte do seleto grupo.
Razão entre valor da hora de trabalho de pardos em relação a brancos
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Preto |
Pardos |
Pessoas com até quatro anos de escolaridade |
78,7 |
72,1 |
Com 5 a 8 anos de escolaridade |
78,4 |
73,0 |
Com 9 a 11 anos de escolaridade |
72,6 |
75,8 |
Com 12 anos ou mais de escolaridade |
69,8 |
73,8 |
O número de pessoas em posições privilegiadas na ocupação também mostra a desigualdade entre as raças. Na categoria dos empregadores, em 2009 havia 6,1% de brancos, 1,7% de pretos e 2,8% de pardos. Os pretos e pardos ocupam 18,7% dos empregos sem carteira assinada contra 13,8% dos brancos.
Além do aumento de renda, nos últimos dez anos a proporção da população que se autodeclara preta ou parda cresceu no país. Segundo o IBGE, o motivo seria a recuperação da identidade racial. Assim, em 1999, 5,4% dos brasileiros se autodeclaravam pretos, enquanto 40% se declaravam pardos. Em 2009, 6,9% da população se declarou preta e 44,2%, parda.
Educação
Embora o número de negros e pardos nas universidades aumente a cada ano em taxas maiores que a dos brancos, a maior parte dos estudantes negros e pardos se concentra no ensino médio, enquanto a maior parte dos estudantes brancos já chegou à universidade. Há 27,6% de estudantes brancos no ensino médio e 47,3% de estudantes pretos e pardos no mesmo nível. No nível superior encontram-se 62,6 % dos estudantes brancos e apenas 31,4% de negros e pardos.
Outro indicador da desigualdade é o número de anos de estudo. Enquanto a população branca de 15 anos ou mais tem 8,4 anos de estudo em 2009, os pretos e pardos apresentam 6,7 anos de estudo.
Em relação às pessoas com mais de 25 anos e que concluíram o ensino superior, o número de pardos e negros aumentou 62,5% de 2004 a 2009, enquanto o número de brancos subiu 31,57% no mesmo período. Ainda assim, apenas 5,2% dos brasileiros com diploma são pretos e pardos, enquanto 15% dos brancos têm diploma.
Em relação aos analfabetos, dos 9,7% de brasileiros que não sabem ler ou escrever, é possível verificar o dobro da incidência de analfabetismo nas raças preta e parda. Enquanto 13,3% dos brasileiros pretos e 13,4% dos pardos são analfabetos, 5,9% dos brancos se enquadram na categoria.
Dos 20,3% de brasileiros com analfabetismo funcional, que engloba pessoas de mais de 15 anos com menos de quatro anos de estudo, 25,4% são pretos e 25,7% são pardos (18,6 milhões de pessoas) enquanto apenas 15% são brancos.