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Santos (SP): Greve completa 9 dias e continua

Próxima assembléia será segunda-feira, 9 de agosto, às 8 horas, na entrada da siderúrgica de Cubatão

Em assembléia na manhã desta terça-feira (3), cerca de 3 mil operários das empreiteiras da Usiminas, dos 8 mil em greve, decidiram continuar parados.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial, Geraldino Cruz Nascimento, anunciou nova assembléia para segunda-feira, 9 de agosto.“Até lá”, discursou o sindicalista, sob aplausos e apupos, “continuaremos parados, aguardando o julgamento da greve e buscando negociações”.
Como em todos os dias da paralisação, iniciada em 26 de julho, os ônibus pararam na portaria e os trabalhadores desceram espontaneamente. Se o ônibus entrava sem parar, seus ocupantes voltavam em seguida.
Geraldino calcula em 85% a adesão à greve e explica que os demais “foram desumanamente pressionados” por chefes e supervisores, com telegramas, telefonemas, e-mails e pessoalmente, nos alojamentos.
Diante da ameaça de chuva, o sindicalista iniciou às 7h30 a assembléia prevista para as 8 horas, quando começou a chover. A continuidade da greve foi aprovada por unanimidade.
O presidente do Sintracomos orientou os trabalhadores a acompanharem o noticiário sobre a greve e ligarem para a sede e subsedes em caso de dúvidas: “Mas fiquem em casa ou nos alojamentos”.
Nos próximos dias, o sindicato continuará distribuindo tablóides em frente à empresa, orientando os trabalhadores que porventura se dirigirem à usina a voltar para casa.

Sindicato insiste em reabrir negociações
Todo dia o presidente do sindicato liga para os representantes e advogadas das empreiteiras, propondo negociar enquanto aguardam o julgamento da greve.
“Dinheiro não falta”, pondera Geraldino. “O lucro da Usiminas no primeiro semestre de 2010 foi de R$ 656 milhões. As empreiteiras também ganham muito e têm como atender as reivindicações e muito mais”.
“Porém, dizem estar sempre no limite”, lamenta. “O sindicato preza a negociação para superar impasses, mas, infelizmente, a intransigência fala mais alto”.
O sindicalista critica as empreiteiras por “radicalização. Elas preferem enfrentar a greve, deixando a fábrica de aço em má situação, e os trabalhadores na miséria, do que negociar”.
 
Pagamento na 6ª-feira
As empresas fecharam as folhas salariais nos dias 21 e 22 de julho, quando a greve não havia começado. Por isso, Geraldino não acredita em “boatos” de que o pagamento não sairá nesta sexta-feira (6), quinto dia útil.
“As empreiteiras não são loucas de fazer isso, como ameaçam chefes, supervisores e outros puxa-sacos pagos para mentir, pressionar e apavorar os trabalhadores em greve”, aposta o sindicalista.
“Se os patrões não pagarem os salários em dia, como manda a lei, certamente terão contra eles não apenas o TRT, como as demais autoridades afins e a opinião pública. Isso certamente não acontecerá.”
Para ele, “o que vai acontecer, isto sim, serão erros e omissões nos velhos holerites, feitos de forma precária, não-condizente com a modernidade informatizada, para confundir o entendimento”.
 
Alojados são os mais perseguidos
Os trabalhadores alojados são os que mais sofrem pressão das chefias, segundo Geraldino. “E nos próprios alojamentos. Os chefes vão lá e ameaçam. O sindicato contará tudo ao Ministério Público do Trabalho”.
 
Palavra de Geraldino
‘Acredite no sucesso da greve. É questão de tempo. Não esmoreça. Não se curve. Não deixe apagar a chama da vitória’
‘Chuva, vento, frio e ameaças patronais não podem prejudicar nossa greve, que caminha para a vitória. As empresas jogam com todas as armas para assustar e esvaziar a luta. Não caia na conversa delas.
É proibida qualquer represália ao trabalhador em greve antes do julgamento. Corte de horas, suspensão de pagamento, demissões, nada disso é permitido.
Só o Tribunal Regional do Trabalho poderá, no julgamento, decidir sobre o pagamento dos dias parados. Em 2009, ficamos 17 dias em greve e eles acabaram sendo pagos por conta de negociação.
Vamos aguardar serena e pacificamente o julgamento, que poderá ocorrer nesta semana ou na semana que vem, mais provavelmente. Até lá, o sindicato está pronto para negociar.
Como os seguranças da Usiminas insistem em conduzir os motoristas dos ônibus para dentro da área, sem parar na portaria, não podemos vacilar. Quem entrar nessas condições tem que sair logo em seguida.’
 
Por tempo indeterminado
Iniciada na segunda-feira da semana passada, 26 de julho, a greve dos 9.400 mil operários de 16 empreiteiras em atividade na Usiminas aguarda julgamento no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP).
Na quinta-feira passada (29), após audiência frustrada de negociação no TRT, foi sorteado relator o juiz Ricardo Verta Luduvice, a quem caberá marcar a data do julgamento.
Na tentativa de negociação da semana passada, as empreiteiras retiraram a contraproposta de reajuste salarial de 8%, que haviam apresentado dois dias antes.
Os operários, de manutenção e obras terceirizadas na siderúrgica mineira reivindicam 9% de reajuste, tíquete-alimentação de R$ 11, ‘plr’ de um salário nominal e retorno da data-base para maio.

(Assessoria de Imprensa do Sintracomos)